Demitir a indecisão

A política em Portugal encontra-se num profundo estado de indecisão. Demitir ou não demitir, condenar ou não condenar, decidir ou não decidir: eis a questão. 

As condições em que vivemos, quaisquer que sejam, são o reflexo das decisões, da visão e da competência daqueles a quem permitimos e concedemos a legitimidade para dirigir o que é nosso. Os políticos, ou pelo menos aqueles que da política vivem, são um excelente exemplo disso mesmo. O país, no seu todo, parece-me indeciso e carente de uma linha condutora orientada para o crescimento. O leitor pode mudar isso.

Conta a história do nosso passado comum que, devido à criação de comunidades agrícolas na civilização antiga, as pessoas viram-se forçadas a tomar decisões coletivas sobre os recursos. Fizeram-no através da escolha de líderes que se destacavam por uma ou mais características que eram uma vantagem no meio em que se inseriam, normalmente a força física ou a sabedoria.

 

As sociedades evoluíram, e com elas a forma de organização social. Com as estruturas mais complexas, a política tornou-se uma verdadeira ‘arena’, onde os leões do sítio competem pela oportunidade de impingir as suas opiniões a um todo. Penso que ainda é esse o caso hoje. Para além disso, ficou de parte a busca pelo bem comum, a proteção dos direitos e liberdades dos indivíduos, bem como a promoção do desenvolvimento económico sustentável, num ambiente de justiça social. O resultado é a desordem pública.

É minha opinião que, entre escândalos, ‘luvas’ e favoritismos, a política em Portugal encontra-se num profundo estado de indecisão. Demitir ou não demitir, condenar ou não condenar, decidir ou não decidir: eis a questão. Acredito profundamente que o evidente estado reflete a mente da maioria dos portugueses.

 

Ora esquerda, ora direita. Um dia fazer pé-de-meia, outro dia investir tudo. Num momento quer mudar, no momento seguinte já quer permanecer. Da mesma forma que uma árvore ou está a crescer ou está a morrer, também o país se rege por essa imutável lei da natureza. Por tanto, na ausência de uma voz agregadora e assertiva, hoje a realidade é uma: a morte lenta do país. Enquanto não a houver, não há movimento. Sem movimento não há vitalidade, e sem a última não há terreno fértil em Portugal para as gerações vindouras.

 

Ainda assim, estamos perfeitamente a tempo de mudar o rumo. Parte da solução passa por uma linha de pensamento comum, que creio ser o desenvolvimento sustentável da nossa qualidade de vida. Quando esta ou outra qualquer ideia for decisão clara do bolo maior de portugueses e habitantes em Portugal, estou seguro que as indecisões se vão, e com elas os maus políticos, os corruptos, os indecisos, e a remanescente lista de malfeitores. Como consequência, uma boa decisão e eleição de pessoas deve, à partida, ser baseada na sua capacidade para decidir em função dessa ideia comum, através de inteligência, pensamento crítico, empatia e capacidade para tomar boas e ponderadas decisões.

 

Há segurança e confiança quando sabemos o caminho. Está claro para mim a importância de por de lado a estagnação por análise em demasia, e dar lugar ao desenvolvimento.