O prazo de prescrição não desculpa tudo…

Após esta comissão ter cumprido com êxito a sua incumbência, a Igreja teve a necessidade de criar uma outra, dentro do seu seio, para continuar a desenvolver o trabalho.

Lamento pelos apáticos, mas todos temos o dever de denunciar quaisquer tipos de abusos sexuais, a começar pelos que têm especiais deveres na assistência, proteção e educação das crianças. Foram reportados mais de 500 abusos sexuais na Igreja Católica portuguesa, por uma comissão independente e com base nos elementos que forneceu e de acordo com projeções científicas, estima-se que tenha havido cerca de cinco mil. No entanto, após esta comissão ter cumprido com êxito a sua incumbência, a Igreja teve a necessidade de criar uma outra, dentro do seu seio, para continuar a desenvolver o trabalho, pois a comissão independente tinha cessado o seu mandato. 

A verdade. porém, é que queremos combater a pedofilia mas ninguém foi punido. Os crimes ‘prescreveram’, alguns abusadores até já tinham morrido e quanto a muito vivos não existe prova suficiente de que são abusadores sexuais de crianças, até porque passados 50 anos é difícil reunir elementos. Portanto, foi tudo um ‘estudo’ como disse o bispo José Ornelas e o perdão dos bispos deve com certeza é consertar os anos e anos de perversidade e malícia. 

Como se não chegassem as páginas e páginas de credíveis depoimentos para, pelo menos, promover a reparação dos danos materiais e morais provocados às vítimas, pelos quais a Igreja é corresponsável, ainda que não bastem para obter uma condenação penal. Mas mais uma vez as vítimas não foram compensadas, como recomendou a Comissão Independente! Além de se insistir na necessidade de o estudo prosseguir, deveria ser  criada uma estrutura para compensar todas as vítimas alvo de abuso sexual, como já aconteceu em diversos países. Gostaria  de que essa fosse a principal preocupação da igreja neste momento, para além de se garantir a prevenção de futuros abusos, criando deveres de denúncia no seio da Igreja para acabar com as cumplicidades e ‘tolerâncias’. É necessário abandonar posturas arrogantes, reconhecer os erros e indemnizar as vítimas, sem fazer contas à prescrição!

No caso da Igreja, é o mínimo que se pede, mas ainda não foi feito!