Cofina anima mercado de media

Luís Santana, administrador executivo da Cofina, e Octávio Ribeiro, ex-diretor-geral do grupo, planeiam avançar com um MBO. A operação não invalida a análise de outras ofertas, como a da Media Capital de Mário Ferreira.

O plano dos administradores para adquirir a Cofina está em marcha. E depois de muita especulação a confirmação foi dada: «Eu e um conjunto de quadros da Cofina Media, estamos a preparar um Management Buy Out, que planeamos apresentar oportunamente ao acionista da empresa, com o qual não temos mantido qualquer tipo de negociações», disse Luís Santana, Administrador Executivo da Cofina Media que detém os títulos do Correio da Manhã, CMTV, Jornal de Negócios, Record e Sábado.

O motivo desta operação deve-se ao facto de «a equipa ter um conhecimento profundo da Cofina Media, um projeto vencedor, credível e independente. A motivação para este negócio passa pelo desenvolvimento do seu modelo de negócio, ao mesmo tempo que se garante a sua independência, pois entendemos que um projeto jornalístico só o é se for independente».

Numa nota enviada ao Nascer do SOL, defende que a equipa «está consciente que haverá forças que se movem para prejudicar esta operação, o que não constitui uma surpresa, tendo em conta que, há interesses nas sociedades atuais que se movimentam no sentido de reduzir ou anular os media independentes, corajosos e ao serviço dos leitores e da sociedade».

 O administrador executivo da Cofina Media garante que o projeto vai assegurar o necessário financiamento junto, «em primeiro lugar dos promotores do MBO, mas também junto das instituições financeiras e de investidores nacionais idóneos e confortáveis com a independência dos media, único garante da credibilidade e do sucesso empresarial da Cofina Media», acrescentando que a «independência que caracteriza os meios da Cofina Media é um valor de que a equipa não abdica, assegurando desta forma a sua sustentabilidade, garantindo aos portugueses que em momento algum ficará refém de qualquer tipo de interesses, sejam eles de âmbito político, económico, religioso ou desportivo».

Recorde-se que um Management Buy Out é uma aquisição de uma empresa por parte dos seus gestores. O processo ocorre normalmente quando os gestores da empresa trabalham lá há alguns anos e que devido ao seu conhecimento e experiência, podem ver uma oportunidade de comprar.

 Os motivos são diversos, mas podem acontecer quando a empresa está sob ameaça de ser comprada por um concorrente, o que pode acontecer devido ao interesse já mostrado pela Media Capital.

No entanto, é preciso ter em conta que quem apresenta esta proposta não terá 100% do financiamento e, por isso, é preciso primeiro arranjar investidores. E Paulo Fernandes, CEO do grupo Cofina – Cofina SGPS e Cofina Media – não poderá rejeitar o negócio a não ser que essa rejeição seja aprovada em Assembleia Geral.

Sabe-se para já que o negócio tem pernas para andar caso o valor da oferta seja compatível e o objetivo desta operação é garantir independência e autonomia.

A operação poderá durar alguns meses e a Media Capital continua a ser livre de entregar as propostas que entender que não deixarão de ser analisadas e os quadros do grupo não terão preferência face às outras propostas.

 

Lucros de 10 milhões

Recorde-se que, no ano passado, o grupo Cofina registou um lucro de 10,5 milhões de euros, um aumento de 147,4% face a 2021.

Neste momento, a estrutura acionista conta com Ana Meneres de Mendonça (19%), João Borges de Oliveira (15%), Paulo Fernandes (14%), Domingos Vieira de Matos (12%) e Pedro Borges de Oliveira (10%).

O nome de Otávio Ribeiro, antigo diretor-geral da Cofina, foi apontado inicialmente para fazer parte deste Management Buy Out mas a informação não foi confirmada.