Um em cada quatro portugueses sofre de fibrilhação auricular

Uma em cada quatro pessoas desenvolve ao longo da vida fibrilhação auricular, uma alteração do ritmo cardíaco que provoca acidente vascular cerebral e que se estima ter uma taxa de prevalência em Portugal das mais elevadas da União Europeia

a afirmação é de jorge ferreira, cardiologista do hospital de santa cruz, que alerta para a importância de fazer prevenção para evitar uma doença que é «silenciosa» e pode ser fatal.

«esta doença é responsável por um em cada cinco acidentes vasculares cerebrais (avc) e está ainda sub-tratada junto da população portuguesa», afirma jorge ferreira, no dia mundial do coração.

o médico cardiologista refere ainda que «portugal apresenta valores significativamente mais elevados face aos restantes países da união europeia, pois metade dos doentes que sofrem de fibrilhação auricular não toma medicamentos e não faz prevenção do avc, enquanto a outra metade não está bem medicada».

esta elevada incidência em portugal já não se justifica, pois «existem terapêuticas muito eficazes, como é o caso dos anticoagulantes orais», diz o cardiologista, adiantando que «um novo tratamento poderá evitar que quatro mil portugueses por ano sofram um avc».

muito recentemente, o comité da food and drug administration (organismo norte-americano que faz o controlo dos alimentos e medicamentos) fez uma recomendação, unânime, no sentido de aprovar uma substância activa que previne os avc na fibrilhação auricular e que é mais fácil de tomar, não interferindo com outros fármacos e evitando análises regulares e o ajustamento das doses, explicou.

«prevenir significa não só controlar os factores de risco tradicionais, mas também saber aplicar o melhor tratamento para a fibrilhação auricular. um simples eletrocardiograma pode detetar esta doença e a utilização de anticoagulantes orais ajuda a prevenir os acidentes cardiovasculares», explica jorge ferreira.

esta perturbação manifesta-se com batimentos irregulares do coração, que impedem o correcto bombeamento do sangue, originando a formação de coágulos.

com a passagem destes coágulos para cérebro, o risco de avc quintuplica e o de morte duplica.

a doença cardiovascular continua a ser a principal causa de mortalidade em portugal, sendo responsável por cerca de 36 por cento de todos os óbitos e de 400 avc por dia.

metade dos avc deixa o doente com algum grau de incapacidade e 20 por cento são fatais, o que equivale a dizer que a cada hora três portugueses morrem vítimas de avc.

lusa / sol