Comunidade ucraniana em Portugal está bem integrada

Os imigrantes ucranianos em Portugal são discretos, estão bem integrados, dispersos por todo o território nacional, e não apenas concentrados nas grandes cidades, e não têm por hábito viverem em comunidade

os dados são de um estudo, hoje divulgado, sobre “imigração ucraniana em portugal e no sul da europa: a emergência de uma ou várias comunidades?”, da responsabilidade do alto comissariado para a imigração e diálogo intercultural (acidi).

à lusa, um dos autores do estudo explicou que os dados são resultado de dois inquéritos realizados entre a população imigrante ucraniana em 2001 e, posteriormente, em 2003/2004, de onde saíram vários factos de destaque.

«falava-se muito que os imigrantes ucranianos eram altamente qualificados, mas verificou-se que tal não era verdade e se havia de facto pessoas com qualificações superiores, como médicos ou engenheiros, também havia uma percentagem com qualificações médias e outra com baixas qualificações», explicou josé carlos marques.

outro dado de destaque, de acordo com o investigador, tem que ver com os locais de destino em portugal que os imigrantes ucranianos escolhiam para fixar residência e segundo josé carlos marques foi com a vinda destes imigrantes, a partir de 2001, que se verifica uma dispersão por todo o território nacional, não ficando concentrados nas zonas mais populosas, como lisboa, porto ou algarve.

ao nível da integração no país, o investigador ressalva que os ucranianos são pessoas que participam na sociedade portuguesa e que a sua integração foi bem sucedida porque se empenharam em aprender a língua, o principal obstáculo.

o investigador salientou também que os ucranianos, contrariamente a outras nacionalidades imigrantes, não tendem a viver em comunidade, ou seja, todos concentrados no mesmo sítio, como vive, por exemplo, a comunidade cigana.

por outro lado, são pessoas com uma vivência religiosa muito forte e são também pessoas discretas.

«é um estudo muito importante porque foi a comunidade ucraniana que fez acordar portugal para a realidade de país de acolhimento e é com muito gosto que hoje lançamos este estudo, principalmente numa associação de ucranianos», disse, à lusa, a alta comissária para a imigração e diálogo intercultural.

de acordo com rosário farmhouse, esta é actualmente a segunda maior comunidade imigrante em portugal, uma comunidade «cheia de riquezas» e «plenamente integrada».

de acordo com o investigador josé carlos marques, com base em dados do serviço de estrangeiros e fronteiras (sef), haverá cerca de 50 mil imigrantes ucranianos legais, número largamente inferior ao apresentado pela associação de ucranianos em portugal (aup).

«neste momento deve haver cerca de 200 mil ucranianos em portugal. só na grande lisboa devem ser cerca de 35 mil», adiantou o presidente do núcleo de lisboa da aup.

para mykhaylo nakonechnyy, é óbvio porque é que portugal foi escolhido por tantos ucranianos como segundo país: «os portugueses sabem o que custa a imigração porque também foram imigrantes. sabem o que custa esta vida».

lusa / sol