Uma das principais preocupações, para quem zela pela segurança do Metro, é o risco de incêndio. «A qualidade dos materiais tem evoluído de forma que hoje em dia o inimigo é o fumo, não é o fogo». Recentemente foram feitos ensaios com os bancos, que são feitos num plástico que simplesmente não arde. «Ensaiámos com uma carga incandescente e quando, ao fim de alguns minutos, a retirámos a chama apagou-se. O banco estava destruído mas não propagou o incêndio».
Os cabos elétricos também derretem a alta temperatura, mas não fazem chama. «Tentámos ainda reduzir a emissão de fumos tóxicos para não afetar as pessoas. E num procedimento de desenfumagem tiramos o fumo pelo lado contrário daquele por onde vamos evacuar as pessoas». Para já, isso apenas aconteceu em ensaios, uma vez que nunca se registou um incêndio no Metro.
Outra preocupação dos responsáveis do Metro – esta menos ‘teórica’ – são os graffiters. «Temos escalas de deteção de movimento e rondas que passam por um conjunto de pontos – portas, tampas e grelhas espalhadas pela cidade» que dão acesso aos túneis. Executar um graffiti no Metro pode ser uma proeza quase tão exigente como assaltar um banco: os autores das pinturas têm de partir correntes e cadeados, e «chegam a descer pelos poços de ventilação em rapel, de alturas de mais de 30 metros». «Por isso é que um dos maiorais dizia que o Metro não é para todos», comenta outro responsável. «Há redes internacionais, ainda há dias apanhámos um espanhol na estação do Parque. E uma das principais marcas de tinta tem um site em que eles às vezes dão entrevistas. Arriscam a vida para fazer um desenho, tirar uma fotografia e aparecer nos tais blogues ou no YouTube».
Apesar dos cuidados de vigilância, alguns comboios não escapam aos sprays dos artistas de rua. «Temos uma política em que não circulamos com comboios grafitados. Caso aconteça, o comboio é recolhido para fazer a limpeza na oficina».
Já quanto aos rabiscos nos vidros, não há nada a fazer. «Eles pegam num marcador, substituem o feltro por um ácido que se usa para fazer o vidro fosco e aplicam, mas a ação daquilo é mais lenta, no imediato não se vê. Vai corroendo o vidro e quando nos apercebemos já está gravado. Fizemos uns ensaios para polir o vidro mas demorava demasiado tempo».