Lavagens ao cérebro

Vivemos numa sociedade tolerante – e isso é bom. Mas a propaganda do politicamente correto nas escolas e em todos os setores da sociedade está a criar uma intolerância de sentido contrário.

O SOL noticiou há 15 dias que uma escola pública do Barreiro pediu 50 cêntimos aos alunos do 6º e 8º anos (11 e 13 anos de idade) para assistirem a uma palestra de uma associação LGBTI.

Independentemente dos 50 cêntimos, o que mais me surpreendeu na notícia foi a informação de que era normal aquela associação fazer palestras nas escolas. Não sei de que constarão as palestras. O objetivo será educar as crianças para a tolerância em relação aos homossexuais e a outras pessoas com comportamentos não convencionais em matéria de sexo. Mas todos sabemos que é muito ténue a distância que separa estas ações de ‘educação’ das ações de ‘propaganda’.

Ainda por cima, sendo os oradores militantes de uma associação LGBTI, é muito natural cederem à tentação de colocar todas as práticas sexuais no mesmo plano – o que não é correto. Ser homossexual ou heterossexual induz modos de vida, na sociedade e em família, radicalmente diferentes. E isto também precisaria de ser explicado.

Sucede que os meninos não têm de ser bombardeados com propaganda sobre sexo – ou outra coisa qualquer.

E não se percebe por que razão as associações LGBTI são privilegiadas.

Seria interessante, por exemplo, associações de idosos irem às escolas falar das relações que as crianças devem ter com pessoas mais velhas, evitando o isolamento e a fragmentação das sociedades.

E seria razoável associações ambientalistas irem esclarecer as crianças sobre os cuidados a ter para proteger o planeta.

E especialistas em alimentação explicarem o que as crianças devem fazer – e devem evitar – para terem uma alimentação equilibrada.

E peritos em higiene falarem sobre os cuidados que os meninos devem ter nessa área.

E associações desportivas perorarem sobre as vantagens de fazer desporto.

E assim sucessivamente.

Há tantos temas para falar em matéria de ‘cidadania’ que não se percebe esta obsessão com o sexo e, sobretudo, com as práticas sexuais heterodoxas.

A explicação para isto só pode ser uma: este tema tem por detrás lóbis fortíssimos. E tem militantes que agem como propagandistas de um certo pensamento e como polícias do pensamento contrário.

À mais pequena fuga à ortodoxia do politicamente correto, um indivíduo é logo apelidado de «homofóbico». E as pessoas acobardam-se. Têm medo de ser enxovalhadas.

Se pensarmos bem, nem um só dos comentadores com presença regular na televisão fala destes assuntos. Até porque, se ‘resvalar’ na opinião e for objeto de ataques por parte desses grupos LGBTI, arrisca-se a ser despedido e a ficar sem tribuna.

Um deputado do PSD que criticou a propaganda LGBTI nas escolas noticiada pelo SOL foi logo duramente atacado e sofreu ameaças várias, com a ‘agente’ Joana Mortágua à cabeça a fazer uma queixa à Comissão de Igualdade.

E eu, sempre que escrevo um texto sobre estas questões, sou bombardeado com críticas soezes e insultos.

Assim, com honrosas exceções, só falam, só se pronunciam, os que repetem a cartilha. Os outros calam-se, ‘tremem de coragem’, na expressão feliz de um cunhado meu.

Até porque, além da repressão social, através dos media tradicionais e dos novos media, o politicamente correto tem hoje a propagandeá-lo um partido com assento nas cadeiras do poder – o Bloco de Esquerda – que faz a constante apologia destes temas ditos ‘fraturantes’ e vigia os heterodoxos, qual nova PIDE.

E este partido, com as suas chantagens e ameaças – de que a queixa de Mortágua foi apenas um exemplo –, acaba por manter os outros partidos em respeito. Nem o PCP (que noutros tempos expulsava os homossexuais), nem o PS, nem o PSD (salvo a situação atrás descrita), nem o CDS se atrevem a dizer alguma coisa que belisque a ortodoxia.

Vivemos numa sociedade tolerante – e isso é bom. Mas a propaganda do politicamente correto nas escolas e em todos os setores da sociedade, configurando uma verdadeira lavagem ao cérebro, está a criar uma intolerância de sentido contrário.

Que tende a tornar-se totalitária.