OPEP. Acordo para prolongar corte na produção de petróleo

Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) terá chegado a consenso para manter produção em níveis baixos até março de 2018

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e alguns outros países exportadores desta matéria-prima deverão hoje chegar a um acordo para prolongar o corte da produção durante nove meses. O objetivo é manter os preços acima dos 50 dólares por barril.

Os ministros dos países-membros da OPEP reúnem-se hoje em Viena, com a discussão sobre outros prazos em cima da mesa – seis meses ou mesmo um ano –, mas está a ser construído um consenso em torno de março de 2018.

“Neste momento temos um entendimento para nove meses”, disse o ministro do Petróleo da Argélia. “Mas poderá ainda haver outras propostas”, acrescentou Noureddine Boutarfa aos jornalistas. “Todas as opções estão sobre a mesa”, disse, por seu lado, o ministro do Petróleo do Koweit, Essam al-Marzouq.

A Arábia Saudita, maior produtor da OPEP, é a favor de prolongar os cortes de produção durante nove meses, tal como a Rússia, o maior produtor mundial fora do cartel.

De acordo com a agência Reuters, este consenso terá sido alcançado depois de vencida a oposição iraquiana aos cortes de produção de petróleo. Durante toda a semana, em Viena, os vários membros da OPEP e outros grandes produtores mundiais desdobraram-se em reuniões com vista ao prolongamento dos cortes de produção de petróleo atualmente em vigor, que têm como objetivo o equilíbrio dos preços desta matéria–prima nos mercados mundiais.

Acerto

Na passada semana, os ministros do Petróleo da Rússia e Arábia Saudita tinham assinalado a intenção de chegar a acordo, mas faltava saber a posição dos restantes produtores e membros da OPEP. De acordo com a agência Bloomberg, os restantes países parecem ter aceitado as condições para um prolongamento, faltando apenas acertar pormenores. No entanto, um corte mais substancial na produção é improvável.

Em novembro de 2016, a OPEP chegou a acordo para baixar a produção petrolífera em 1,2 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) por um período de seis meses a começar no início de janeiro deste ano.

A Rússia, o maior dos 11 países produtores de petróleo que estão fora do cartel, comprometeu-se a cooperar nesta redução com um corte de 600 mil bpd, limitando a produção mundial a 31,8 milhões de bpd.

Desde a assinatura do acordo, o preço do petróleo aumentou quase 20% e tem vindo a negociar entre os 45 e os 55 dólares por barril. A descida do preço do petróleo desde meados de 2014 – em fevereiro de 2016 negociava a 26 dólares por barril – teve um impacto significativo nos maiores produtores mundiais, principalmente naqueles que dependiam do crude para equilibrar os seus orçamentos.

Dar tempo ao mercado

Em novembro de 2016, as reservas atingiam 2991 milhões de barris só nos países mais desenvolvidos, mais 271 do que a média dos últimos cinco anos.

Apesar dos cortes da OPEP, o nível das reservas chegou a 3013 milhões de barris em março.

De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), se a produção mundial de petróleo se mantiver nos 31,8 milhões de bpd, o declínio das reservas vai acelerar.

O acordo “tem estado a funcionar e vai funcionar ainda melhor na segunda metade do ano”, considera o ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos. “Temos de dar algum tempo ao mercado”, acrescentou Suhail Al Mazrouei, citado pela agência Bloomberg.