Afegãos atacam delegação onde soldado americano matou 16 civis

Uma delegação do governo afegão foi atacada esta manhã em Panjwai, na província de Kandahar, onde se encontrava a investigar a morte a sangue-frio de 16 civis por parte de um soldado norte-americano.

faziam parte da delegação dois dos irmãos do presidente hamid karzai, assim como vários outros oficiais afegãos de alta patente, incluindo o governador da província de kandahar e o ministro afegão das fronteiras e dos assuntos tribais.

de acordo com a bbc, o ataque foi levado a cabo por um grupo talibã e resultou num tiroteio de 10 minutos lançado «de várias direcções», tendo como alvo explícito a delegação afegã que se encontrava perto do local do massacre para se reunir com os habitantes e os líderes tribais. esta região do sul do país é conhecida por ser território de operação talibã.

da troca de tiros resultou a morte de um soldado afegão, adianta a bbc, e três outras pessoas terão ficado feridas. entretanto as investigações terão ficado suspensas, com a delegação a regressar à cidade de kandahar.

pena de morte

em causa está o ataque de domingo que se acredita ter sido protagonizado por um sargento norte-americano de 38 anos, não identificado, que invadiu duas vilas residenciais de arma em punho e tirou a vida a 16 pessoas: nove crianças afegãs, três mulheres e quatro homens.

o assassínio foi imediatamente condenado. enquanto os habitantes da província de kandahar acusaram não só os americanos, mas também as autoridades afegãs por terem falhado na protecção dos seus cidadãos, o presidente karzai classificou o acto como «imperdoável».

da casa branca foram emitidos comunicados de choque e pesar mas também a insistência de que a missão dos eua no afeganistão deve continuar o seu curso normal, sem «apressar a retirada», diz a bbc. barack obama terá inclusivamente telefonado ao seu homólogo afegão oferecendo condolências e assumindo a necessidade de apurar responsabilidades e fazer justiça.

ideia que é corroborada pela declaração do secretário da defesa norte-americano, leon panetta, que equacionou a possibilidade de o soldado em questão enfrentar pena de morte, caso seja considerado culpado.

‘morte à américa, morte a obama’

na sequência do trágico episódio, cresce o sentimento anti-americano entre os afegãos. sentimento que já era bastante significativo depois do acumular de episódios polémicos nos últimos meses, como a queima pública de exemplares do corão e o vídeo chocante que mostrou soldados americanos a urinar sobre cadáveres taliban.

esta manhã em jalalabad, perto da fronteira com o paquistão, «centenas de manifestantes, na sua maioria estudantes universitários, tomaram conta das ruas», num protesto contra o massacre de domingo, mas especialmente contra os eua, reportou o porta-voz da província de jalalabad à cnn.

entre os cerca de 600 manifestantes ouviam-se cânticos como «morte à américa! morte a obama!», numa manifestação que, apesar de tudo, foi pacífica. de acordo com o porta-voz da cidade, não há registo de feridos nem danos materiais, registando-se apenas o encerramento ao trânsito da estrada que liga jalalabad à capital kabul.

sol