Aficionados dizem que touradas em Viana são mais antigas do que romaria d’Agonia

Um grupo aficionados de Viana do Castelo, que desde 2009 contesta a proibição municipal à realização de touradas, afirmou hoje que estas são “mais antigas” do que a própria romaria d’Agonia e que geram receitas localmente.

segundo josé carlos durães, porta-voz do movimento cívico “vianenses pela liberdade”, é “completamente mentira” que viana do castelo “não tenha tradição taurina”, um dos argumentos utilizados pelo município que aprovou em 2009 uma proposta da maioria socialista para declarar a cidade “anti-touradas”, a primeira do género no país.

“a tradição das touradas em viana do castelo remonta pelo menos a 1609, ou seja cerca de 200 anos antes do início das festas de nossa senhora da agonia em 1772. há fotos de há cem anos de uma praça de touros de madeira montada na cidade”, afirmou à lusa o responsável.

as corridas de touros na cidade de viana do castelo ganharam destaque nas festas d’agonia, nas últimas décadas, estando a próxima agendada para a freguesia de darque, a 18 de agosto – o domingo daquela romaria. trata-se de uma organização da federação “prótoiro”, à semelhança do que aconteceu em 2012 quando o concelho recebeu a primeira tourada em 4 anos, contrariando a vontade da câmara municipal, após intervenção judicial.

“já tínhamos tentado organizar uma tourada em 2011, até arranjamos terreno para isso, mas depois não foi possível devido a problemas logísticos. em 2012 fomos nós que chamamos a ‘prótoiro’ a viana do castelo”, garantiu o porta-voz do movimento “vianenses pela liberdade”.

“também este ano é com o nosso apoio, envolvimento e mobilização de meios e pessoas que está a ser organizada a tourada em darque. e é falso, como diz a câmara, que a corrida não deixe dinheiro em viana, basta ver os hotéis, os restaurantes e outras empresas que lucram com as pessoas que vêm à tourada”, sublinha josé carlos durães.

na sequência da declaração municipal “anti-touradas”, em fevereiro de 2009, este movimento cívico, que reúne “dezenas de habitantes locais”, organizou em abril uma manifestação a cavalo, pelas ruas da cidade, contra o que dizem ter sido uma “decisão prepotente”, tomada “à revelia dos munícipes”.

entretanto, a “prótoiro” apresentou na segunda-feira um pedido de licenciamento municipal para a instalação de uma arena amovível em darque, garantindo que o processo “reúne todas as condições legais” para ser deferido.

“este pedido para o licenciamento é apenas da instalação da praça [uma arena amovível para 3.300 pessoas], que é o único poder da câmara, e que mesmo assim não é discricionário. ou seja, se estiverem reunidas todas as condições legais, como é o caso, a câmara não pode indeferir o pedido”, afirmou à lusa o dirigente da “prótoiro”, diogo monteiro.

o presidente da câmara de viana do castelo já classificou como uma “provocação” esta pretensão. josé maria costa mantém a intenção de impedir que se repita o que aconteceu em 2012, ano em que a corrida aconteceu mesmo, mas na freguesia de areosa, alegando a falta de tradição local e a defesa dos direitos dos animais.

lusa/sol