Akoya vai ser dissolvida

A Akoya, uma sociedade gestora de activos com sede na Suíça, cujo nome saltou para a ribalta aquando da revelação do caso Monte Branco, deverá ser dissolvida brevemente. Uma fonte ligada à sociedade confirmou ao SOL que, na origem da decisão, está o facto de “os processos abertos em Portugal contra os gestores da empresa…

Recorde-se que, em Maio de 2012, aquando da divulgação daquele caso, foram detidos Michel Canals e Nicolas Figueiredo, sócios da Akoya, sob a suspeita da prática de alegados crimes de evasão fiscal e lavagem de dinheiro. 
Ficou entretanto a dúvida sobre se essas operações financeiras eram feitas no âmbito da sociedade ou a título pessoal. Na altura, outros accionistas demarcaram-se do caso, explicando que a empresa nada tinha que ver com o assunto. 

O que fazia a Akoya?

A empresa iniciou a actividade em 2009, como uma sociedade financeira e de gestão de fortunas na Suíça, tendo como sócios Helder Bataglia (22,5%), Álvaro Sobrinho (22,5%), Michel Canals (20%), Nicolas Figueiredo (15%), José Pinto (15%) e a advogada Ana Bruno (5%).

Tinha como função apoiar e aconselhar indivíduos e empresas na área financeira. Os serviços prestados aos clientes abrangiam áreas como o aconselhamento financeiro, o suporte das suas actividades bancárias e o apoio na marcação de viagens e contactos, entre outros. No seu pico de actividade, a empresa empregava mais de uma dúzia de funcionários e os seus clientes eram oriundos de diversas partes do mundo. 

Como uma empresa de aconselhamento, a Akoya não era, segundo os seus sócios, responsável pela forma como os fundos dos clientes eram angariados – responsabilidade essa que pertencia aos bancos e instituições financeiras que detinham os fundos.

Nos primeiros meses de 2012, a empresa foi referida como um exemplo no cumprimento da regulação financeira na Suíça e nos mercados internacionais, tendo sempre actuado – segundo um dos seus responsáveis – “dentro dos padrões exigidos pela regulamentação e ética”. E, em Março, recebeu uma nota dos auditores e consultores dando conta da sua saúde e compliance financeiro.

Subitamente, porém, em Maio de 2012, Michel Canals e Nicolas Figueiredo, accionistas e gestores da empresa, foram interrogados e detidos por indícios de práticas fraudulentas e lavagem de dinheiro no âmbito do caso Monte Branco, colocando a Akoya sob suspeita.

Aí, os outros accionistas – entre os quais Álvaro Sobrinho, que tem também uma participação no SOL – demarcaram-se do caso, garantindo não haver qualquer relação entre a Akoya e a alegada rede. E pediram mesmo à autoridade de supervisão suíça uma inspecção extraordinária à empresa, que terminou de forma favorável.

Uma ínfima parte do Monte Branco

Entretanto, o SOL apurou que, dos três mil milhões de dólares supostamente envolvidos no caso Monte Branco, apenas uma ínfima parte – cerca de 2% – eram geridos pela Akoya. A rede de empresas sob investigação abrange assim, hoje, bancos e instituições financeiras de muito maior dimensão.

Resta agora saber todas as ramificações desta rede de lavagem de dinheiro responsável pela maior fraude de que há memória em Portugal.

Tinha clientes como Ricardo Salgado, Lúcio Tomé Feteira, Rosalina Ribeiro e Duarte Lima. E o seu desmantelamento já deu origem a processos como o que levou à detenção de Ricardo Salgado.

joao.madeira@sol.pt