Ala esquerda abandona Bloco

A Ruptura/FER, corrente interna do BE que se tem destacado nas críticas à actual direcção, vai abandonar o partido. E quer criar uma nova formação política à esquerda.

gil garcia, líder da ruptura, diz ao sol que a estrutura dirigente do bloco não lhes deixou outra alternativa: «não quer alterar a política, não quer fazer uma renovação, afastou o sector mais à esquerda, que somos nós». a solução, defende, passa por «avançar com uma nova força política. não quero que as pessoas que saem do be não tenham uma alternativa. queremos seguir o caminho das origens do bloco. o be é um partido cada vez mais institucional, tem as piores características do ps e do pcp», aponta gil garcia.

a cisão da tendência minoritária do be ficou expressa no jornal da ruptura/fer distribuído a 24 de novembro, dia da greve geral. no artigo intitulado ‘da esperança à desilusão’, o movimento diz que «o be e os seus dirigentes só têm que se lamentar de si próprios» e que «chegou a hora de fazer emergir uma nova força política à esquerda». o pontapé de saída será dado a 10 de março, com um congresso da ruptura aberto «a todos os bloquistas que não se revêem na orientação do be», mas também a independentes e a todos os que têm saído à rua sob a bandeira de movimentos como o 12 de março ou a plataforma 15 de outubro. «queremos ser a voz política de todos esses movimentos», diz gil garcia.

depois de um longo caminho de antagonismo interno, a saída da ruptura/fer (que ocupa 11 dos 80 lugares da mesa nacional, órgão máximo entre congressos) não é lamentada pela direcção. «na prática, estavam ausentes do be há muito tempo», diz o líder parlamentar, luís fazenda. joão semedo sustenta que a saída «não tem grande repercussão. estão sistematicamente contra todas as posições do be. no fundo, parasitavam o bloco».

susete.francisco@sol.pt