Alergias afectam uma em cada três crianças

Uma em cada três crianças portuguesas sofre ou já sofreu de doença alérgica, patologia que é mais prevalente na idade pediátrica e que geralmente se torna uma companhia ao longo da vida.

o panorama foi traçado à agência lusa pelo presidente da nova sociedade portuguesa de alergologia pediátrica, estrutura hoje formalmente criada, com o objetivo de fazer parcerias com outras entidades, estando em pé de igualdade com as sociedades congéneres.

segundo libério ribeiro, cerca de 80% das doenças alérgicas começam nos primeiros anos de idade e são em grande parte hereditárias.

nos primeiros meses de vida, a alergia mais frequente é a de origem alimentar, com a intolerância à proteína do leite de vaca a surgir em primeiro lugar, seguida do ovo, peixe e frutos secos.

a partir dos dois ou três anos começam a aparecer as alergias por via respiratória ou inalatória. ácaros ou animais são os principais responsáveis por estas alergias nos primeiros anos, com a intolerância aos pólenes a surgir geralmente por volta dos 6 ou 7 anos.

no fundo, o que se nota na criança é uma evolução do tipo de alergia ao longo do crescimento, num movimento que libério monteiro designa como marcha alérgica. primeiro, manifestações de alergia alimentar, depois eczema e alergia respiratória.

estas doenças vão acompanhar as crianças até à idade adulta, porque há sempre uma base alérgica, mas o especialista lembra que “uma alergia bem controlada corresponde a uma alergia curada”, alertando para o “mito” – que disse ser “totalmente errado” – de que a asma passa com a idade.

“quando se é alérgico é-se até ao fim da vida”, explicou.

o presidente da sociedade de alergologia pediátrica lamenta que haja uma subvalorização destas doenças que começa logo nos próprios pais e que se estende muitas vezes a alguns médicos.

“há médicos que se limitam a tratar os sintomas que se vão apresentando sem tratar a origem da doença. temos de nos lembrar que são doenças inflamatórias crónicas que têm de ser tratadas”, referiu.

para libério ribeiro, as doenças alérgicas são das mais subvalorizadas, sub-diagnósticadas e sub-tratadas.

“há um papel a fazer na educação de quem trabalha com a criança, como professores, assistentes escolares. é preciso fazer uma educação ao nível da escola e dos pais, até para que reconheçam e valorizem os sintomas”, reconheceu.

lusa/sol