Alexei Navalny condenado a dois anos e oito meses de prisão

O opositor russo foi detido após voltar da Alemanha, onde estava a recuperar de um envenenamento. 

Alexei Navalny foi esta terça-feira condenado a dois anos e oito meses de prisão por um tribunal de Moscovo, na Rússia. Em causa está o facto de o opositor do regime de Vladimir Putin ter violado os termos de uma pena suspensa a que foi sentenciado em 2014. 

O político estava a cumprir uma pena em liberdade condicional após ter sido acusado de fraude – uma acusação que diz ter sido fabricada –, quando foi envenenado com um agente neurotóxico do tipo Novitchok, em agosto de 2020. Após aquela que considera ser uma tentativa de assassinato por parte do Kremlin, o opositor de 44 anos foi transferido, a pedido da mulher, da Sibéria para a Alemanha para recuperar. Viria a ser detido a 17 de janeiro ao voltar para a Rússia.

Segundo a agência de notícias Associated Press, a juíza responsável pelo caso subtraiu dez meses à sentença original – três anos e meio – por já terem sido cumpridos em prisão domiciliária, sendo assim Navalny foi condenado a cumprir a pena de dois anos e oitos meses num estabelecimento prisional.

Durante o julgamento, Navalny voltou a responsabilizar o Governo russo pelo seu envenenamento, dizendo que Putin "passará à história como envenenador" e considerou a sua comparência em tribunal como uma tentativa de "amedrontar milhões".

“Demonstrámos e provámos que Putin, através do FSB [os serviços de informações], cometeu uma tentativa de assassinato e que não sou o único [vítima]. Muitos também o sabem, outros vão sabê-lo, e isso enlouquece este pequeno ser no seu ‘bunker'”, disse.

Milhares de pessoas têm-se manifestado contra a detenção do opositor em mais de oitenta cidades de russas, tendo as autoridades russas detido, nos dias 23 e 31 de janeiro, cerca de dez mil manifestantes. Só esta terça-feira, 230 pessoas foram detidas nas imediações do tribunal onde decorria o julgamento. Navalny saudou "todas as pessoas honestas que não têm medo de sair às ruas" e pediu que os seus apoiantes sejam libertados.

“Isto não é uma demonstração de força, mas sim de debilidade. Não se podem prender centenas de milhares, ou milhões de pessoas, é impossível”, afirmou. “Quando se aperceberem, e esse momento chegará, não podereis prender todo o país”, disse.