Aloés dos jardins de Lisboa estão a morrer

Milhares de aloés arborescens, uma variedade de aloé que costuma ser cultivada em jardins e em bermas de estrada (como a Avenida Marginal, que liga Lisboa a Cascais), estão a morrer. 

Aloés dos jardins de Lisboa estão a morrer

Segundo Filomena Caetano, do Laboratório de Patologia Vegetal Veríssimo de Almeida (LPVVA), os primeiros alertas de empresas de manutenção de jardins e espaços públicos a darem conta de maciços de aloé arborescens secos chegaram àquela unidade do Instituto Superior de Agronomia (ISA) no início do ano passado. “O primeiro alerta foi de um jardim em Oeiras. Já este ano, chegaram-nos mais de Lisboa, Sintra e Almada”, refere a fitopatologista, esclarecendo que os investigadores ainda não conseguiram identificar a causa da doença daquela que é a espécie de aloé mais utilizada como planta ornamental em Portugal. 

“Já tínhamos identificado outra patologia do aloé arborescens causada por um pequeno insecto, o thrips, que, ao picar, provoca manchas arroxeadas na flor do aloé” (que é vermelha e abre no Inverno), explica a investigadora. “Estamos em fase de investigação sistemática deste insecto para perceber se pode ser responsável também por secar os aloés. Ainda não temos certezas”. 

Por enquanto, o problema está concentrado na zona da grande Lisboa. “Em muitos jardins, os aloés tiveram de ser cortados. Felizmente, no Norte, ainda não há arborescens afectados”. 

Especialistas estudam aplicações terapêuticas

O aloé arborescens é uma das cerca de 200 variedades desta planta existentes no mundo. De origem africana, tornou-se bastante comum nos jardins portugueses devido ao crescimento rápido e às flores vermelhas que o tornam vistoso. Mas o interesse do arborescens ultrapassa a simples ornamentação: as propriedades terapêuticas e cosméticas da seiva e das folhas são conhecidas um pouco por todo o mundo. No Brasil e em Cabo Verde, existem grandes plantações para comercialização do extracto da planta, utilizado em anemias, inflamações, pele desidratada e feridas, por exemplo. Em Portugal, não existe nenhuma grande plantação, mas as possíveis aplicações estão a ser estudadas no herbário João de Carvalho e Vasconcelos, do ISA.

sonia.balasteiro@sol.pt