Amamentação por mais de três meses reduz risco cardiovascular na idade adulta

Os bebés amamentados por mais de três meses têm menos probabilidade de desenvolverem doenças cardiovasculares na idade adulta, conclui um estudo hoje publicado.

Investigadores norte-americanos estudaram 7.000 jovens adultos e descobriram uma “ligação significativa” entre um aleitamento materno de curta duração ou baixo peso à nascença e níveis elevados de proteína C reactiva (CRP), associados a um risco acrescido de doenças cardiovasculares.

A CRP é uma proteína sintetizada principalmente pelo fígado e tem um papel importante nas reacções inflamatórias.

“Um aleitamento de três a 12 meses está ligado a uma baixa concentração sanguínea de CRP, da ordem de 20 a 30% por comparação às pessoas que não foram amamentadas”, escrevem os investigadores da Universidade Northwestern, em Evanston, Illinois, no estudo, publicado pela revista Proceedings of the Royal Society B.

Segundo o estudo, os efeitos do aleitamento são “idênticos ou superiores” aos dos medicamentos na redução dos níveis de CRP nos jovens adultos.

O estudo concluiu também que os bebés que nascem com baixo peso têm maiores níveis de CRP em adultos.

“Bebés com mais peso à nascença e bebés que são amamentados por períodos mais longos terão níveis mais baixos de inflamação em adultos, e isso reduzirá o seu risco de ataque cardíaco e de outras doenças da idade”, disse Thomas McDade, professor de antropologia na Universidade de Northwestern e líder do estudo.

O investigador admite que não se sabe o motivo desta ligação, mas os cientistas suspeitam que há alguma coisa no leite materno que melhora o sistema imunitário.

O estudo foi realizado junto de jovens adultos de 24 a 32 anos, originários de diferentes meios sociais e incluiu irmãos em que um foi amamentado e outro não, para eliminar o impacto socioeconómico.

O aleitamento exclusivo até aos seis meses é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que o apresenta como “um dos meios mais eficazes” de assegurar a saúde e a sobrevivência da criança.

Apesar disso, a organização reconhece que menos de 40% dos bebés no mundo beneficiam do aleitamento actualmente.

Lusa/SOL