Ananás dos Açores está ‘mais doce’

O ananás dos Açores, produzido de forma biológica, está este ano “mais doce” devido à temperatura elevada registada no arquipélago, disse o presidente da Cooperativa Profrutos, que apesar das dificuldades acredita na sobrevivência desta cultura centenária.

“A qualidade foi bastante melhor este ano, dado que as temperaturas durante boa parte do ano foram mais elevadas. Acabou por trazer ao ananás um grau de doçura maior do que era habitual”, afirmou Rui Pacheco, em declarações à Lusa, acrescentando que tradicionalmente o fruto estava associado a maior acidez.

O fruto rei nos Açores é cultivado em estufas, essencialmente nos concelhos de Ponta Delgada e Vila Franca do Campo, na ilha de S. Miguel, sendo que a produção anual é “cada vez menor” e atinge, actualmente, pouco mais de mil toneladas.

Apesar do “excelente ano” e dos “maiores cuidados dos produtores com o fruto”, Rui Pacheco referiu que a exportação do ananás dos Açores corresponde, presentemente, a “quantidades diminutas”, sem precisar números.

Além do consumo interno, os principais mercados do ananás açoriano são o nacional e o designado “mercado da saudade”, sobretudo Estados Unidos da América e Canadá, onde residem muitos emigrantes açorianos.

O ananás de São Miguel é originário da América do Sul e Central, tendo sido introduzido no arquipélago como planta ornamental em meados do século XIX, enquanto as primeiras explorações de carácter comercial surgiram em 1864.
A produção do ananás desde a toca até ao fruto pronto a colher leva cerca de dois anos.

O presidente da Cooperativa Profrutos recordou que o ananás dos Açores, que sobrevive com apoios à produção da União Europeia, tem como grande concorrente o abacaxi, que é vendido no mercado “bem mais barato”.

No Instituto de Inovação Tecnológica dos Açores (INOVA) estão em curso vários estudos para melhorar e reduzir custos de produção do ananás, cujos resultados Rui Pacheco não acredita que venham a ser implementados, porque em “qualquer investimento desta natureza o retorno não se consegue em poucos anos”.

“Devia era haver apoios para a manutenção [das estufas existentes], o que sai da lógica dos economistas, que dizem que a manutenção deverá sair do resultado da exploração”, afirmou Rui Pacheco, para quem a produção de ananás nos Açores merecia uma atenção especial, pois, caso contrário, “vai desaparecendo”.

Segundo explicou, a manutenção das estufas, feitas em madeira e vidro, “é muito cara”, exigindo pinturas exteriores de dois em dois anos e, no interior, de quatro em quatro.

“É uma cultura mais do que centenária. É um ex-libris aqui da ilha. Já não irá atingir o auge ou aquelas quantidades de outrora, mas julgo que continuará a ter um certo espaço comercial”, disse o presidente da Cooperativa Profrutos.

Este ano, em Novembro, comemoram-se os 150 anos do início da exportação do ananás dos Açores, para a Inglaterra.

Lusa/SOL