Antiga AD ‘arrepiada’ com Governo de Passos

Freitas do Amaral afirmou, num Fórum que houve 4ª-feira passada no ISCTE sobre as políticas do Governo e da troika, que «As políticas públicas mostram que se foi mais além do Memorando no sentido da liberalização e desestatização, enfim, no sentido preconizado pelo neo-liberalismo». Neo-liberalismo que tresanda a ranço novecentista. E acentuou «a transferência dos…

Freitas salientou mesmo que o actual PSD nada tem a ver com o dos tempos da AD, de Sá Carneiro ou Balsemão, assim como o CDS se arredou completamente dos fundadores e ‘sucessores imediatos’ (embora ultimamente tenha deixado de ser antieuropeu, a primeira grande bandeira de Portas).

Mª João Rodrigues, ex-ministra do Trabalho de Guterres e consultora da Comissão Europeia de Barroso,  declarou que «de uma assentada fizeram-se cortes de 10 mil milhões de euros – suspenderam-se os investimentos públicos, cortaram-se salários, pensões e subsídios de férias e de Natal», sublinhando que «nada disto estava previsto no Memorando», demonstrando apenas uma “orientação ideológica”, que resultou em “improvisos”: mais cortes e aumento de impostos, sobretudo IVA e IRS.

O Fórum concluiu que o Memorando de Entendimento foi instrumental para ‘um conjunto de coisas que o Governo queria fazer’: uma “espécie de alavanca” que permitiu ao Governo “implementar políticas que de outra forma não teria sido capaz porque encontraria vetos políticos e sociais (através dos partidos, Presidente e parceiros sociais) e institucionais (como o Tribunal Constitucional)”.

Artur Santos Silva, presidente da Gulbenkian e fundador do BPI, considerou que houve “erros gritantes no caminho percorrido” desde 2011, a começar pelo “modelo económico que esteve por trás do Memorando de Entendimento”.

O pior dos economistas é quando se obsessionam em manter políticas que deram resultados errados, e tardam a corrigi-las (já se viu isso na crise de 1929). É curioso ver que o programa económico do PS, da autoria de Mário Centeno, é elogiado sobretudo por gente de direita (até por Catroga, numa entrevista pública…), que espera políticas conservadoras alternativas e que dêem melhores resultados. Resumindo: com a Europa assim, não se vislumbram horizontes brilhantes. Se Mário Soares quis aderir à CEE, quando a organização parecia ser uma garantia de paz para a Europa e o Mundo – hoje não se vêem motivos para se lhe pertencer, a não ser o medo de sair sem rede de segurança. Porque a paz já estalou na Ucrânia, e está muito ameaçada mesmo no epicentro da velha UE, sobretudo entra a Alemanha e os periféricos.