Apedrejamento em Guimarães terá sido retaliação por tochas no estádio

O apedrejamento de autocarros com adeptos do Sporting de Braga, ontem, terá sido uma retaliação por a claque bracarense ter lançado tochas em direção à baliza do Vitória de Guimarães, segundo fontes deste clube. Já os bracarenses dizem que foi uma “vingança” por causa da derrota.

Os incidentes deram-se quando dois dos oito autocarros com adeptos do Braga iniciavam o regresso à cidade dos arcebispos, no acesso à A-11, tendo causado ferimentos em quatro bracarenses. Vítor Gomes, a principal vítima, de 23 anos, teve de receber tratamento hospitalar. Para os bracarenses, o arremesso de pedras, a partir de um monte, terá sido a “vingança” pela derrota sofrida pela equipa de Guimarães. Mas outra versão dá conta de eventuais “represálias” por na primeira parte do jogo terem sido arremessados pelo menos 23 tochas – em alusão ao 23.º aniversário de uma das duas claques do Sporting de Braga, a Red Boys Braga.

Por causa das tochas, com mais de 20 centímetros de comprimento, o jogo teve que ser interrompido pelo árbitro e um pelotão da PSP afastou-se em passo de corrida para não inalar os fumos tóxicos provenientes das tochas.

A PSP de Braga emitiu já esta tarde um comunicado, dando conta da detenção de um jovem ainda antes do início do jogo, nas imediações do estádio D. Afonso Henriques, “por posse e deflagração de artigo pirotécnico”. A PSP não confirma a identificação de um suspeito de apedrejamento dos autocarros, alegando “encontrar-se esse caso em segredo de justiça”.

Agentes já tinham alertado

Um memorando clandestino que circula entre profissionais da PSP de Braga, conforme o SOL noticiou há duas semanas, já alertava para a eventualidade deste tipo de incidentes. “Está a ser posta em causa a autoridade dos agentes e nos estádios e isto qualquer dia vai dar uma tragédia”, lia-se no mesmo documento, referindo que petardos, tochas e outro material pirotécnico “continuam a entrar nos dois estádios, de Braga e de Guimarães”. e neste último recinto chegam a ser transportados numa bandeja de forma provocatória no túnel onde só têm acesso as equipas visitada, visitante e de arbitragem”, refere o memorando, denunciando situações que levaram sete subcomissários da PSP de Braga a pedir transferência para comandos distritais onde não haja futebol profissional.

Neste momento há mais subcomissários, estes da carreira policial de base – os que foram agentes e chefes antes de ascenderem a oficiais – que também estão ao lado dos jovens oriundos da Escola Superior da PSP, mas principalmente um elevado número de chefes e agentes, que internamente terão ameaçado com uma “greve” a policiar futebol.

A contestação dos profissionais da PSP, dos vários escalões hierárquicos, também foca “a forma criminosa” como circulam alguns autocarros de claques, entre as cidades de Braga e de Guimarães.

O excesso de lotação levou já a que perante o aperto um adepto já tenha sido projetado com o vidro de um autocarro na cidade de Guimarães. Mas haverá casos de autocarros sem a inspeção periódica e até o seguro, que transportaram adeptos.

Sporting de Braga acusa PSP

Reagindo aos ataques sofridos por alguns dos seus adeptos, o Sporting Clube de Braga emitiu um comunicando, acusando o Comando Distrital da PSP de Braga, responsável pelo policiamento de não ter estado à altura dos acontecimentos. “Lamenta-se que as forças de segurança [a PSP de Braga] conhecedoras de acontecimentos anteriores de violência, não tivessem tido uma atuação eficaz”. Nesse mesmo comunicado, a direção do Sporting Clube de Braga “lamenta os atos cobardes de gente que envergonha o Vitória Sport Clube e a cidade de Guimarães”. Aliás os dois presidentes, Júlio Mendes e António Salvador, assistiram ao jogo lado a lado, a fim de tentarem pacificar as hostes.

O policiamento foi comandado pelo subintendente Rui Matos, o oficial de operações do Comando Distrital de Braga da PSP, terceiro lugar da hierarquia daquele departamento.

Rui Matos foi quem comandou o jogo Vitória de Guimarães – Benfica, do passado dia 17 de maio, aquando das bastonadas contra um adepto benfiquista, José Magalhães, de Matosinhos, desferidas pelo subcomissário Filipe Silva no Estádio D. Afonso Henriques por razões ainda não determinadas nos processos disciplinar e criminal ainda a decorrer.

O policiamento foi reforçado pela Força Destacada do Corpo de Intervenção (Unidade Especial da Polícia) do Comando Metropolitano do Porto da PSP e esteve sempre sob a atenção do oficial de dia, o comissário Tiago Pereira, que acumula a responsabilidade pelas Divisões da PSP de Braga e de Guimarães. No entanto, segundo fontes da PSP de Braga, este oficial intermédio teve que desdobrar-se em outras diligências por causa das arruadas e dos comícios da Maratona Portugal à Frente, em Guimarães, Famalicão e Braga, com a presença, entre outros dos candidatos Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, além do mais Primeiro-Ministro e Vice-Primeiro-Ministro, logo com atenção redobrada.