Área ardida até Julho é quase 1,5 vezes maior do que a média dos últimos 10 anos

A área ardida este ano é quase 1,5 vezes maior do que a média dos últimos 10 anos, especialmente em matos, com o distrito de Faro a apresentar a maior zona afectada, num total de 22.101 hectares.

segundo o último relatório do ministério da agricultura sobre os impactos da seca, referente a 31 de julho e hoje disponibilizado, é também «preocupante» a situação nos distritos de braga (7.902 hectares) e bragança (7.751).

numa análise às ocorrências e respectivas áreas ardidas entre 2002 e 2012, no período de 1 de janeiro a 31 de julho deste ano há um número de incêndios (13.889) superior à média do decénio 2002-2011 (11.313), segundo os dados provisórios e que já contabilizam o incêndio que deflagrou na localidade algarvia de catraia (tavira). a área ardida nos primeiros sete meses do ano é de 67.052 hectares, enquanto a média dos 10 anos anteriores é de 47.101 hectares.

«as diferenças são mais evidentes na área ardida do que no número de ocorrências: o ano de 2012 registou quase 1,5 vezes mais área ardida do que a média dos últimos dez anos, essencialmente em virtude do agravamento da área ardida de mato (que é quase duas vezes superior à média)», lê-se.

a maior área ardida registada no distrito de faro deve-se ao grande incêndio que terá consumido em julho cerca de 21.562 hectares de espaços florestais.

segundo o relatório divulgado, as condições meteorológicas têm uma relação muito directa com o número de fogos.

«a população portuguesa está, hoje em dia, consciencializada para o problema dos incêndios florestais e seus impactos, no entanto existem ainda claras deficiências na adequação das suas práticas às situações meteorológicas», lê-se no documento.

no relatório indica-se que em 98% a 99% dos fogos as causas estão «fortemente relacionadas com actividades e comportamentos humanos», o que, em situações meteorológicas «mais desfavoráveis, resultam, frequentemente, em incêndios florestais».

no final de julho, houve um ligeiro desagravamento da seca extrema na região norte e em parte do centro, em especial nas zonas mais interiores, com os números a indicarem 58% do território de portugal continental em seca extrema, 26% em severa, 15% em moderada e 1% em fraca.

quanto ao abastecimento de água à população pelos bombeiros, o relatório indica que em termos estatísticos há um «comportamento relativamente regular face ao observado em outros anos».

na comparação entre 2010/2011 e 2011/2012, notam-se «comportamentos análogos de ambos os registos, com uma ligeira anomalia negativa, ou seja, menos abastecimentos alternativos, para o presente ano hidrológico».

porém, «sem significado estatístico aparente, pelo que se continua a não registar um cenário de seca para além da componente agrícola».

o maior número de distribuição por autotanque nas regiões ocorre nas zonas interiores a norte do sistema montanhoso montejunto-estrela, «mas não aparentando ser em número tal que possua significado estatístico quando comparado com anos anteriores».

«esta situação indicia uma tendência presumivelmente provocada, na sua maioria, por situações correntes de exploração e não por indisponibilidades hídricas conjunturais», lê-se.

lusa/sol