Artesanato em madeira de oliveira conquista Europa a partir do Alentejo

Um casal alemão criou uma marca de artigos de moda e decoração em madeira de oliveira, que exporta de um monte na freguesia de São Luís, em Odemira, para vários países europeus.

A ‘Alentejo Azul’ começou a «desenhar-se» no final da década de 1980, mas foi há cerca de cinco anos, após os produtos serem colocados numa plataforma de vendas na Internet, que o negócio mais cresceu.

Stephan Thielsch, de 55 anos, e Anette Wörner, de 47, ambos oriundos do norte da Alemanha, conheceram-se e apaixonaram-se em Vila Nova de Milfontes, no concelho de Odemira.

Apaixonados também por Portugal e pelo «carinho das pessoas», decidiram ficar e radicaram-se num monte na localidade de Cortinhas, freguesia de São Luís (Odemira), onde estão instaladas a marcenaria e a loja.

As primeiras peças de artesanato nasceram de um lote de madeira de oliveira comprado em 1988, «bastante caro» e com recurso ao crédito, disseram à agência Lusa.

Esses artigos, espelhos de parede e pequenas mesas com tampos em xisto, «não tiveram muita saída», o que os fez optar por peças menores, como botões e brincos.

Segundo o casal, o projecto foi-se desenvolvendo «pouco a pouco» e, actualmente, dá trabalho a oito pessoas, embora nem todas a tempo inteiro.

Para Hélder Campos, de 35 anos, de São Luís, arranjar emprego na oficina dos alemães, há cerca de oito anos, foi «ouro sobre azul».

O funcionário mais antigo da empresa trabalhava na construção civil, mas o desemprego levou-o a procurar alternativas e agora assegura que é um ofício gratificante, lamentando apenas ter de se vender as peças mais bonitas.

Da “Alentejo Azul” sai uma variada gama de produtos, como fruteiras, taças, pratos, saboneteiras, cadeiras, bancos, mesas, brincos, pulseiras, ganchos para cabelo ou alianças de casamento.

A maioria dos artigos é feita a partir de madeira de oliveira, mas também são utilizados a cortiça, o xisto e o vidro.

Em 2010, algumas peças feitas com garrafões e garrafas de vinho reutilizados participaram na exposição de design português promovida pelo Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque (EUA).

Apesar de terem as peças à venda na sua e noutras lojas e de participarem nalgumas feiras de artesanato, a aposta no sítio na Internet DaWanda, onde têm disponíveis 372 produtos, foi o impulso para o crescimento do projecto.

Essa plataforma permite-lhes vender em todo o mundo, embora a maioria dos pedidos cheguem de Alemanha, Áustria, França, Suíça e Inglaterra.

Na maior parte do ano, expedem uma média de 500 encomendas por mês, mas estas podem ultrapassar as 3.000 por altura do Natal.

Anette Wörner garantiu que a distância e os portes de correio não atrapalham o negócio, até mesmo quando se trata das peças maiores e mais pesadas.

«Quem compra uma mesa por mil euros não vai desistir por causa do custo do transporte de 120 euros», exemplificou.

A realizar um volume de vendas que ronda os 100 mil euros por ano, o casal disse acreditar que o projecto vai crescer, embora reconheça algumas limitações.

«Aqui é Parque Natural [do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina], não podemos construir mais nada e a oficina está nos limites», confessou a empresária.

Nestes dias, a oficina tem trabalhado «em força» em manípulos de madeira de oliveira encomendados por uma fábrica italiana, que pretende comercializar uma «edição especial» de máquinas de café.

Os artesãos preparam-se também para começar a satisfazer as encomendas feitas para o Natal, que, de acordo com Stephan Thielsch, «representam cerca de 40 por cento do total de vendas».

Lusa/SOL