Associação 25 de Abril acusa Governo de destruir memória da revolução

O presidente da Associação 25 de Abril acusa o Governo de “destruir a memória da revolução”, lamentando que o Ministério da Educação não tenha colocado ‘online’ um curso de História por cujos direitos já terá pago 25 mil euros.

em declarações à agência lusa, o coronel vasco lourenço explicou que em causa estão as filmagens de uma das edições de um curso de história contemporânea destinado a professores desta área organizado pela associação com o patrocínio de um banco e com a colaboração do ministério da educação, através da agora direcção-geral da educação, e cujos conteúdos abrangem desde a história do estado novo no pós-segunda guerra até ao período de consolidação da democracia, incluindo um capítulo sobre a guerra colonial.

o governo, então chefiado por josé sócrates (ps), através do ministério da educação, por intermédio da anterior direcção-geral de inovação e desenvolvimento curricular, na altura tutelado por maria de lurdes rodrigues, terá manifestado interesse na aquisição das filmagens. segundo vasco lourenço, o ministério da educação pagou à associação 25 mil euros para poder disponibilizar estes conteúdos no sítio da direcção-geral na internet.

contudo, devido à mudança de governo, em 2011, diz o responsável, a publicação acabou por não se concretizar: “nós insistimos, mas eles não colocaram [os materiais ‘online’]. nem nunca chegaram a marcar a reunião que nós tínhamos pedido para analisar a situação”, afirmou.

“passado este tempo todo, ficou claro que não estão interessados”, acrescentou, explicando que a associação decidiu, por isso, colocar os materiais no seu próprio ‘site’.

a agência lusa tentou obter esclarecimentos do ministério da educação a respeito deste assunto, mas, até ao momento, não recebeu qualquer resposta.

o responsável considerou ainda que este episódio não destoa na atitude do actual governo em relação à memória do 25 de abril de 1974.

o executivo de passos coelho, acusou vasco lourenço — membro do movimento das forças armadas, que planeou e levou a cabo o golpe de estado que poria, em 1974, fim a quase meio século de ditadura em portugal –, tenta fazer “esquecer” e “destruir” tudo o que esteja relacionado com a revolução.

este curso de história contemporânea está dividido em seis capítulos — estado novo, após 1945; oposição ao estado novo; guerra colonial; conspiração para o 25 de abril e seus antecedentes; descolonização/independência; consolidação democrática — e é, em vários casos, ministrado por protagonistas. está agora disponível em www.25abril.org.

lusa/sol