Baloiços: uma atração infalível

Os baloiços panorâmicos tiveram um boom em 2020, com a pandemia, mas vieram para ficar. As estruturas com cordas e madeira são agora uma ‘montra para paisagens, natureza, cultura e património histórico’ que chamam muitos visitantes às regiões menos turísticas do país.

Verão é tendencialmente sinónimo de praia. Mas em tempo de pandemia, com os constrangimentos colocados às viagens para o estrangeiro, verão passou a significar «fazer férias cá dentro». E num país que não é feito só de areia e mar, as oportunidades para um passeio convidam a novos destinos e atrações. 

Nos últimos anos, mas sobretudo entre 2020 e 2021, Portugal assistiu a um surgimento sem precedentes de baloiços panorâmicos e o número continua a crescer. Estão espalhados um pouco por todo o país e têm vista para o rio, para a serra ou para o campo, com uma resistência acima da média, normalmente reforçados com uma estrutura em madeira e cordas. Ideais para os adultos que querem recordar a nostalgia dos tempos da infância. 
Quem se atreve a baloiçar, por norma, capta o momento através de fotografias que mais tarde ou mais cedo vão alimentar as páginas das redes sociais, funcionando como postais da região. Isto porque a maioria dos baloiços vem acompanhado de uma hashtag para serem rapidamente identificáveis na internet — e o turismo agradece.

Por esta razão, são um recurso infalível das autarquias para atrair as pessoas a conhecer uma nova região, como explica Joaquim Campos, presidente da junta de freguesia de Cabana Maior, Arcos de Valdevez, que inaugurou, em julho do ano passado, o Baloiço do Mezio. «As freguesias apostaram neste tipo de estruturas, pelo facto de ter um retorno imediato, para aquilo que se pretende, que é atrair turistas para a região», explica o responsável pela instalação do baloiço com vista de 360º para o Parque Nacional da Peneda-Gerês. Em apenas um ano, mais de 40 mil pessoas visitaram este baloiço. Atualmente, recebe 300 visitantes durante a semana e ao fim de semana chega a receber mais de 1500.

«É uma atração fantástica para o setor do turismo. São projetos que vão ao encontro das necessidades das freguesias, com a finalidade de gerar procura, potenciando a economia local. E são uma boa forma de guiar os turistas aos pontos mais altos, servindo estes como montra daquilo do que melhor existe: paisagem, natureza, cultura, e um património histórico riquíssimo, sendo o ponto de partida para a descoberta», descreve Maria João Brito, do gabinete de comunicação da Câmara Municipal de Arcos de Valdevez.

A boa adesão de visitas tem tornado apetecível a criação de mais estruturas como esta numa longa lista de baloiços que vão conquistando cada vez mais território nacional. Fique a conhecer mais alguns.

Arcos de Valdevez.
Baloiço do Mezio

Com uma vista de 360º, a natureza é o grande atractivo daquele que é «o maior baloiço de corda em Portugal», uma estrutura de madeira a uma altitude de 750m, no alto do Mezio, em Arcos de Valdevez. Este baloiço fica na freguesia de Cabana Maior, perto da aldeia do Soajo e de uma das cinco portas do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Aveiro.
Baloiço da Pateira do Carregal

O Baloiço da Lagoa da Pateira do Carregal tem um cenário idílico digno de uma pintura de Monet, ao contemplar um campo aquático de nenúfares e toda a paisagem natural do Parque Ribeirinho do Carregal, mais conhecido como Pateira do Carregal. Fica na freguesia de Requeixo, a cerca de 15 quilómetros de Aveiro.

Penafiel.
Baloiço do Picoto

Este baloiço foi instalado a 540 metros de altitude no alto do Picoto, o ponto mais elevado da vila de Abragão, a 12 quilómetros de Penafiel, com vista para o rio Tâmega. Esta foi uma iniciativa do Rodativa BTT, um grupo que promove atividades como BTT, trail e caminhadas naquela localidade do norte de Portugal.

Penafiel.
Baloiço da Boneca

O Baloiço da Boneca está instalado nas margens do rio Douro e da paisagem envolvente. A cerca de 40 quilómetros do Porto, em Sebolido, no concelho de Penafiel, permanece ainda desconhecido por muitos, permitindo aos visitantes apreciar as vistas com calma e sem filas, o que em pandemia vem sempre a calhar.

Celorico da Beira.
Baloiços da Rapa

Para apreciar as vistas do Vale do Mondego foram instalados dois baloiços no ponto mais alto da serra da Lomba, junto ao parque eólico, na aldeia da Rapa, dentro do Parque Natural da Serra da Estrela. A uma altitude de 990 metros, em lados opostos, daqui podem ser observados ângulos diferentes da mesma paisagem.

Cinfães.
Baloiço da Bestança

O Baloiço do Bestança fica em Cinfães, junto ao Canhão de Pias. É apenas um assento em madeira preso por duas cordas. Aqui baloiça-se sobre a água que corre do rio Bestança, que nasce a 1229 metros de altitude na serra de Montemuro e desagua no rio Douro. Para lá chegar é necessário percorrer a calçada junto aos viveiros de trutas.

Lousã.
Baloiço do Burgo

O Baloiço do Burgo encontra-o entre Castanheira de Pera e Coimbra, na zona da Lousã, perto das Aldeias do Xisto. Foi estrategicamente construído por cima de uma piscina natural na praia fluvial de Nossa Senhora da Piedade. Quem por aqui passa, aproveita para baloiçar com os pés na água e para dar uns mergulhos e nadar à vontade.

Trofa.
Baloiço do Meco

O Baloiço do Meco foi erguido no Meco da Guerra, no Monte de Paradela, Trofa. Este é um local de passagem de quem pratica BTT naquela região. A estrutura em madeira é um autêntico miradouro panorâmico da cidade da Trofa e foi montada pela Associação Recreativa de Paradela, que organiza eventos de ciclismo como o Trofa Urban Race.

Nazaré.
Baloiço da Ladeira

Este baloiço foi construído na Ladeira do Sítio, um antigo caminho de areia que servia para ligar a Praia da Nazaré ao altaneiro Sítio, onde está o Santuário de Nossa Senhora da Nazaré. O caminho de areia é agora uma escadaria, mas a paisagem sobre o casario e a praia continua muito fotogénica.

Torre de Moncorvo.
Baloiço de São Lourenço

No Miradouro do Talegre, na freguesia do Castedo, em Torre de Moncorvo, a atração principal é um baloiço que está preso a um sobreiro. Neste local árido, ladeado a granito e sobreiros, os visitantes podem contemplar a imensidão das paisagens do Vale da Vilariça e dos vales dos rios Douro e Sabor.

Lousã.
Baloiço de Trevim

Construído pelo projeto Isto é Lousã, este baloiço fica no Alto de Trevim, o ponto mais alto da Serra da Lousã, a 50 quilómetros de Coimbra. A 1.200 metros de altitude, a estrutura é suportada em três troncos e as vistas impressionantes são capazes de assustar quem tem medo de locais mais elevados.

Marco de Canaveses.
Baloiço Nª Senhora da Luz

O Baloiço Nossa Senhora da Luz foi colocado no Parque do Divino Salvador, junto à Igreja de Magrelos, na freguesia de Bem Viver, em Marco de Canaveses. Foi construído pela comunidade local e pela paróquia. Com vistas para o rio Douro, este baloiço reforça qualquer vontade de visitar uma das paisagens mais emblemáticas do país.

Vila Nova de Gaia.
Baloiço de Canelas

Este baloiço foi criado por um grupo de amigos do ADC Santa Isabel Trail & Running, que anda a tentar levar mais gente a conhecer a Serra de Negrelos. Enquadrado por uma mancha floresta, o baloiço tem vista para uma lagoa num dos maiores povoamentos florestais de Vila Nova de Gaia, onde em tempos existiram pedreiras.

Coimbra.
Baloiço do Seminário Maior

Fica nas traseiras do Seminário Maior de Coimbra, edifício que conta já mais de 250 anos de história, junto ao Jardim Botânico. A estrutura em madeira suporta um assento com lugar para duas pessoas de frente para as margens do rio Mondego que serpenteia a cidade. Os visitantes podem ainda conhecer os vários espaços do Seminário.

Ourém.
Baloiço do Talegre

O Baloiço do Talegre foi instalado em Alburitel, uma pequena terra no concelho de Ourém, a 18 quilómetros de Fátima, pelas mãos de um grupo de jovens locais. O acesso ao baloiço, que é difícil de carro, é por norma feito a pé através de dois trilhos espalhados pela serra de Alburitel e, por isso, merece uma motivação extra para se chegar lá.