Banif agrava prejuízos para 576 milhões de euros

O Banif, cujo Estado é actualmente o maior accionista, registou um prejuízo consolidado de 576,4 milhões de euros em 2012, o que compara com perdas de 161,6 milhões de euros em 2011, anunciou o banco.

em comunicado enviado à comissão do mercado de valores mobiliários, o banco justifica este agravamento das perdas com a conjuntura e com “ajustamentos contabilísticos extraordinários relacionados com as ações de inspecção especiais realizadas no âmbito do processo de recapitalização”.

o banco destaca, no entanto, a evolução “bastante favorável” dos custos de estrutura (gastos gerais administrativos e custos com pessoal) que desceram 9,72% para 294,4 milhões de euros.

os custos com pessoal diminuíram 4,6% para 175,6 milhões de euros, enquanto os gastos gerais administrativos caíram 16,3% para 118,7 milhões de euros.

já os custos com consultadoria e auditoria relacionados com a recapitalização do banco ascenderam a cerca de 6,5 milhões de euros.

por sua vez, o banif fechou 30 agências bancárias em portugal, passando a deter 332.

o produto da actividade do grupo atingiu 184,2 milhões de euros, menos 67,2% em termos homólogos e que, segundo o banco, se deveu fundamentalmente a uma diminuição de 37,7% na margem financeira, para 172,8 milhões de euros, uma queda de 23,1% nas comissões (líquidas), para 84,9 milhões de euros, bem como uma descida de 132,5% em outros proveitos, para 56,7 milhões de euros negativos.

as provisões e imparidade líquidas aumentaram 40,8% para 531,9 milhões de euros.

o activo líquido do banif – grupo financeiro totalizava 13.992,3 milhões de euros, no final do ano, menos 11,6% face a 2011 e “reflectindo o esforço significativo em termos de política de desalavancagem prosseguida pelo grupo”, afirmam.

o crédito bruto concedido a clientes atingiu 10.913,7 milhões de euros, menos 9,0%, sendo que os empréstimos a particulares desceram 9,7% para 5.029 milhões de euros, enquanto o crédito a empresas diminuiu 14,1% para 4.330 milhões de euros.

o crédito vencido há mais de 90 dias em função do crédito total situou-se em 12,3%.

os recursos de clientes atingiram os 7.750,4 milhões de euros, diminuindo 3,5%.

“a evolução favorável no ‘mix’ de depósitos e crédito concedido resultou numa melhoria do rácio de transformação (crédito líquido/depósitos) que diminuiu de 139,2%, em dezembro de 2011, para 126,7%”, no final de 2012, referem.

o rácio ‘core tier 1’ (medida que avalia a solvabilidade de um banco) situou-se em 11,2%, já tendo em consideração a aprovação do plano de recapitalização, anunciado a 31 de dezembro, e o impacto da primeira fase da entrada do estado no capital do banco.

recorde-se que o banco recorreu a uma ajuda de 1.100 milhões de euros do estado. destes, 700 milhões de euros foram usados na compra de acções especiais do banco e 400 milhões em instrumentos de dívida convertíveis em acções (as chamadas ‘coco bonds’), pelo que o estado é agora dono de 99,2% das acções do banif e de 98,7% dos direitos de voto.

o estado ficará como accionista maioritário da instituição pelo menos até junho, quando esta deverá levar a cabo um aumento de capital destinado a accionistas privados de, pelo menos, 450 milhões de euros. se essa meta for cumprida, o estado reduzirá então a sua participação para 60,6% das acções e 49,4% dos direitos de voto, regressando o controlo do banco para mãos privadas.

lusa/ sol