Basileia, a provocadora

Uma vez por ano, a cidade suíça torna-se a capital mundial da arte contemporânea. A Art Basel 42 termina hoje.

quando escreveu o elogio da loucura, desidério erasmo, ilustre habitante de basileia, não podia imaginar o que estava para vir. todos os anos, a art basel, considerada a maior feira de arte moderna e contemporânea mundial (com franchises em miami e brevemente em hong kong), instala-se de armas e bagagens naquela cidade, trazendo propostas verdadeiramente extravagantes.

e com ela vão também as figuras excêntricas do mundo da arte e da finança – o equivalente contemporâneo, poderia dizer-se, dos poderosos «vestidos com peles de leopardo» que erasmo tão bem ridicularizou.

até hoje, a feira levou a basileia mais de 300 galerias dos cinco continentes e peças de cerca de 2.500 artistas:_algumas mais sedutoras, como a mulher nua com collants da fotografia, pelo artista norte-americano tom wesselmann, em cuja pele bronzeada ainda são bem visíveis as marcas de um biquíni; outras monumentais, como to r.m. for ever, uma homenagem megalítica a rené magritte, de christian andersson (a senhora ‘mascarada’ em primeiro plano não é uma escultura hiper-realista de ron mueck, que pela primeira vez está à venda numa feira); outras ainda, mais satíricas, como um rato mickey acompanhado por um livro de nietszche (que também viveu em basileia) ou um homem de cimento sentado à retrete.

nada que suscite grande sobressalto: ao fim de 42 edições da feira, a cidade já está habituada às provocações vindas dos artistas e do seu pequeno mundo.

jose.c.saraiva@sol.pt