Bastonários apelam a António Costa que proteja médicos, enfermeiros e farmacêuticos

A falta de equipamento médicos de proteção individual é umas das grandes preocupações das Ordens, que lembram António Costa de que 12 em 100 dos infetados em Espanha são profissionais de saúde.

Os bastonários das Ordens dos Médicos, dos Enfermeiros e dos Farmacêuticos consideraram que o Governo, “e o Ministério da Saúde em particular”, não têm acautelado medidas “básicas” no combate à pandemia de covid-19, de que dão exemplo a escassez de equipamento de proteção individual. Numa carta dirigida a António Costa, as três associações profissionais garantem que têm conhecimento de “milhares de relatos” de situações em que a falta deste equipamento está a colocar a vida destes profissionais – e das suas famílias – em risco.

No documento assinado por Miguel Guimarães, Ana Rita Cavaco e Ana Paula Martins, é ainda referido que a falta deste equipamento provoca que, entre os infetados ou pessoas em quarentena, estejam “muitos profissionais de saúde”. A falta de equipamento é referida ainda como um motivo de preocupação aquando o pico da epidemia for atingido em Portugal, temendo os responsáveis por estas associações que, para além da falta de equipamento, não haja profissionais suficientes nos hospitais e centros de saúde durante este período. Em comunicado, os três bastonários sustentam ainda as suas preocupações com números vindos do país vizinho, já que, esta segunda-feira, o diretor do Centro de Emergências e Alertas de Saúde do Ministério da Saúde espanhol admitiu que, por falta de equipamento médico, havia 5400 profissionais de saúde infetados, correspondendo estes milhares a 12% dos infetados no país. Em Itália, que contam com mais de 74 mil infetados, 8 em cada 100 infetados são profissionais de saúde.

Em comunicado, as Ordens afirmam que a “aplicação conservadora dos testes” que está a ser feita em Portugal – que prevê que apenas em casos com febre ou sintomas respiratórios compatíveis com COVID-19, serão iniciados os procedimentos de caso suspeito, como a realização de exames laboratoriais – vai “em sentido contrário” do que está a ser feito em países que têm obtido bons resultados no combate à pandemia, como a Alemanha Islândia ou Coreia do Sul. “Os primeiros dados, agora consolidados, de que a infeção pode ser assintomática em muitos dos cidadãos reforça a importância de testar mais pessoas na fase de mitigação em que nos encontramos”, pode ler-se na nota.

Apelando ao primeiro-ministro que proteja todos os profissionais de saúde, e afirmando que, apesar de as decisões serem tomadas a nível global “com base em muito pouca informação”, Miguel Guimarães, Ana Rita Cavaco e Ana Paulo Martins garantem ser apenas uma a certeza que têm. “Antecipar, proteger e testar são três metodologias sem as quais nunca poderemos obter os melhores resultados para Portugal e para os portugueses”, escrevem.