Beloura shopping vira colégio de luxo

O Centro Comercial Beloura vai ser transformado em colégio americano que deverá abrir portas em setembro de 2020. A restruturação vai demorar três anos, mas o supermercado e o cinema vão continuar abertos.

Junto à Estrada Nacional 9, em Sintra, o complexo onde até agora funcionava o Centro Comercial Beloura vai ser transformado num estabelecimento de ensino de luxo. Segundo as previsões dos novos proprietários, o espaço com uma área de construção de 30 mil metros quadrados deverá abrir já no mês de setembro de 2020, mesmo a tempo do início do próximo ano letivo. Esta não será uma escola nem tradicional, nem portuguesa, mas sim a primeira TASIS (The American School In Switzerland) a pisar território nacional – uma escola internacional americana que já abriu portas na Suíça, Inglaterra e Porto Rico e onde a língua oficial de ensino é o inglês. Além disso, será a primeira escola construída dentro de um antigo centro comercial. 

Ao SOL, a TASIS Portugal esclareceu que o projeto de renovação do espaço vai demorar três anos. Para já, o colégio vai receber alunos até ao 6.º ano de escolaridade, estando previsto o alargamento ao ensino básico – até ao 9º ano – para 2021 e, posteriormente, o objetivo será abrir portas aos alunos do secundário. 

Quando foi inaugurado, em 2003, o Centro Comercial Beloura prometia ser um espaço capaz de agradar, sobretudo, à classe média alta. Tinha 70 espaços para lojas e restauração e o valor da construção ultrapassou os 32 milhões de euros, sendo o dono da obra a ESAF – Espírito Santo Ativos Financeiros, SGPS, S.A. Mas a ideia não pegou e, sete anos mais tarde, quando quis ser um Fashion Spot e virar-se exclusivamente para a moda de luxo, este espaço começou a dar ainda mais sinais de crise. Além disso, a proximidade do CascaiShopping – a distância entre os dois não chega a três quilómetros – não ajudou e só acelerou o fecho das portas. 

Mais tarde, o Beloura acabaria por fazer parte da lista de nove centros comerciais que caíram nas mãos do Banco Espírito Santo (BES) por falta de pagamento dos respetivos empréstimos e esteve à venda durante mais de sete anos. Aliás, dessa de centros comerciais, até ao ano passado, tinham sido apenas vendidos o Évora Shopping e o Acqua Roma, na avenida de Roma, em Lisboa – comprados em 2016 pela empresa Ares Capital, sediada no Dubai. Quando o BES colapsou, estes espaços comerciais foram automaticamente herdados pelo Novo Banco, que contratou várias consultoras para acelerar a venda e encontrar novos donos. 

Da lista de centros comerciais a vender fazem ainda parte o Campera – primeiro outlet do país -, no Carregado, o Leiria Retail Park, o Grijó Outlet, em Vila Nova de Gaia, o Lago Discount, em Vila Nova de Famalicão, o Trindade Domus, no Porto, e o Ferrara Plaza, em Paços de Ferreira. 

Próximo do autódromo do Estoril, as lojas do Centro Comercial Beloura foram fechando a pouco e pouco, ao longo dos últimos anos. No entanto, apesar de grande parte do futuro daquele espaço estar destinado ao ensino, o supermercado Supercor do El Corte Inglés e o Cinema City, composto por oito salas, vão continuar a funcionar. A confirmação foi dada ao SOL pela TASIS Portugal, que garantiu que os dois espaços vão permanecer, acrescentando que têm consciência de que «a vizinhança fica muito mais descansada por saber isso». 

Do comércio para os novos métodos de ensino

Apesar de faltarem nove meses para a abertura do novo colégio, e de existirem algumas escolas particulares nas proximidades, a TASIS Portugal referiu que estão a ter «um número incrível de inscrições». E muitos pedidos surgem de «famílias de expatriados que vivem em Portugal e também de famílias que se estão a mudar» recentemente para o país. 

Além de as aulas serem lecionadas em inglês, este colégio apresenta métodos diferentes daqueles que são conhecidos na maioria das escolas portuguesas. Por exemplo, aqui, os estudantes aprendem matemática através do método de Singapura, em que lhes são primeiro apresentados casos concretos e práticos e, só depois, os casos abstratos da matemática. Ou seja, nestas aulas são utilizados diversos objetos que permitem às crianças criar representações visuais na sua cabeça – é um ensino mais focado na prática. 

De acordo com o PISA – Programa Internacional de Avaliação de Alunos, os melhores alunos a matemática estão mesmo em Singapura e este método começou a ser frequentemente utilizado também nos Estados Unidos, onde tem cada vez mais força. Na TASIS Portugal, os jovens terão 90 minutos por dia de aulas de matemática. A somar aos novos métodos, a escola conta ainda com aulas de violino, xadrez e até yoga. «Tal como em todas as escolas TASIS, as artes, visuais e de performance, e o desporto terão um papel importante», referiu ao SOL este estabelecimento de ensino. 

E os preços variam conforme o ano em que o aluno estiver. De acordo com as informações disponibilizadas no site do colégio, os mais novos vão pagar 9 800 euros por cada ano letivo, sendo que o valor sobe para os mais velhos e, por exemplo, os alunos do 6.º ano pagarão cerca de 15 mil euros. No entanto, no valor a pagar por cada inscrição já está incluído todo o material escolar, nomeadamente os manuais, viagens de estudo a realizar, atividades extracurriculares ou até violinos quando são necessários para avaliação.   

 

Caixa vai arrendar parte do edifício sede

A Caixa Geral de Depósitos está a pensar arrendar alguns dos espaços livres do edifício sede, em Lisboa, a outras empresas. Ao que o SOL apurou, a ideia é rentabilizar o rés-do-chão e o segundo andares, que atualmente estão desocupados e contam com entradas independentes. O SOL tentou obter uma reação do banco público, mas não foi possível até ao fecho da edição.

Esta é uma das estratégias do banco liderado por Paulo Macedo para levar a bom porto a estratégia de continuar a melhorar os resultados da Caixa, depois de ter sido alvo de uma forte recapitalização. Aliás, os resultados estão à vista. Só nos primeiros nove meses do ano, a instituição financeira lucrou 640,9 milhões de euros, um aumento de 74% face a igual período do ano passado. Na base deste resultado esteve a alienação dos bancos em Espanha e na África do Sul, dois negócios que permitiram um encaixe de quase 160 milhões de euros. 

Ainda em curso estão as alienações das operações em Cabo Verde e no Brasil. 

Para este último, o prazo limite para a entrega das propostas é o dia 16 de dezembro com vista à «manutenção do ambiente competitivo no processo», segundo um despacho do Ministério das Finanças. Já em setembro tinha sido publicado em decreto-lei a venda da operação em Cabo Verde, estando a CGD «em contacto com o Ministério das Finanças para iniciar os contactos com investidores» e prevendo «ter ofertas indicativas para o primeiro trimestre de 2020», segundo Paulo Macedo.

No mês passado, o banco público regressou ao mercado, pela primeira vez desde que concluiu o processo de recapitalização, para emitir 500 milhões de euros de dívida sénior a cinco anos. 

Uma medida inserida no âmbito do plano de emissões que terá de cumprir até 2022. A taxa de juro final foi fixada em 1,275%, valor que resulta da soma de um prémio de 150 pontos base à taxa de juro de mercado a cinco anos e a procura foi mais de sete vezes superior à oferta disponível, alcançando os 3.500 milhões de euros.

O Reino Unido (28%), França (16%), Portugal (16%), Holanda (8%), Espanha (8%), e Itália (7%) foram os países que mais atraíram investidores com as gestoras de ativos a somarem mais de 70% do total da emissão.