#BFFPortugal/Israel: seguindo Costa, Marcelo levará o afeto português a Israel

E Marcelo Rebelo de Sousa irá afirmar algo que hoje é insusceptível de qualquer dúvida: ser-se anti-Israel é uma forma qualificada de antissemitismo, na linha do que países, incluindo Portugal, aprovaram nos respectivos Parlamentos.

1.Pese embora a agenda mediática tenha sido dominada, na última semana, aqui em Portugal (com reflexos por toda a Europa, até em virtude de uma Conferência do Clima, em que foi estrela), pela presença da menina Greta – mais uma vez, não deixa de ser embaraçoso ver líderes políticos mundiais submissos a uma adolescente, que deve perceber tanto de questões ambientais como nós de culinária -, um outro facto digno de relevância internacional ocorreu no nosso país, sem lograr, todavia, semelhante impacto mediático.

Pelo contrário: a cobertura mediática dada ao evento, salvo honrosas excepções, oscilou entre o desprezo e a crítica fanática. Mais uma vez se provou a distância entre os média tradicionais e o povo português: enquanto as televisões anunciavam, em tom grandiloquente, uma manifestação qualquer do Bloco de Esquerda contra a presença de Netanyahu e do Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, em Lisboa, o povo português ignorou olimpicamente tal manifestação, condenando os esquerdistas radicais a mais uma ostensiva humilhação.

O que ficará para a História? Que a manifestação do BE e outros esquerdistas radicais foi um flop; a presença do Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu e de Mike Pompeo em Portugal foi um enorme sucesso. O povo português – com muita pena da esquerda radical – é sábio e não vai em cantigas da extrema-esquerda charlatã. Na verdade, se analisarmos com atenção, as figuras do BE que apelaram à participação na referida manifestação foram figuras menores do partido; as manas Mortágua, Catarina Martins e a vanguarda revolucionária do partido permaneceram caladas…Será isto um sinal de alguma maturidade e racionalidade a chegar à cúpula do BE?

2.Dito isto,  foquemo-nos na reunião entre o Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o Primeiro-Ministro de Portugal, António Costa.

Primeiro: esta revelou-se um significativo sucesso diplomático, ultrapassando o mero simbolismo. Não se tratou, pois, apenas de um evento protocolar de reafirmação da amizade inquebrantável e da aliança entre Portugal e Israel: este é um caso paradigmático em que a aproximação e a aliança entre os povos é (ainda) superior à aliança entre os Estados.

Competirá, pois, à diplomacia portuguesa – ultrapassando preconceitos ultrapassados e resistências improfícuas de sectores que vivem noutros tempos e saudosos de ideologias já mortas e enterradas, que ainda subsistem no Palácio das Necessidades: os interesses de Portugal de hoje são diferentes dos interesses de Portugal de outrora – promover o alinhamento entre o sentimento do povo português em relação a Israel, os desafios e as oportunidades que existem para as empresas portuguesas e os cientistas nacionais em Israel e a sua vontade em descobrir este país, e acção diplomática pátria, deve, pois, afigurar-se como uma prioridade para a política externa nacional.

Isto mesmo foi o que António Costa – cuja iniciativa de receber o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu e o seu desempenho na reunião aplaudimos – referiu, na passada quinta-feira, perante o seu homólogo israelita: Portugal promoverá uma cooperação reforçada com Israel em matérias como a segurança – com destaque para a cibersegurança – e o combate, sem tréguas, ao terrorismo, a ciência, a inovação; especial enfoque deve aqui ser dado às formas de aproveitamento da água, às técnicas de dessalinização, em que Israel é a autoridade máxima, logrando encontrar mecanismos que desafiam – e vencem – os obstáculos que lhe são colocados pela geografia. Também neste ponto, Portugal e Israel estão unidos, sendo verdadeiras almas gémeas diplomáticos: ambos os nossos países combateram, ao longo da história (de séculos ou de décadas), a regra da prisão da geografia…

3.Ademais, um outro facto relevante que resulta da reunião entre Netanyahu e António Costa prende-se com o anúncio, pelo Primeiro-Ministro português, da visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a Israel, no próximo mês de Janeiro.

O Primeiro-Ministro português esteve particularmente bem ao revelar que espera que Marcelo Rebelo de Sousa tome a iniciativa de convidar uma comitiva empresarial que o acompanhe na sua visita a Israel, de forma a cimentar as relações empresariais, cada vez mais fortes, entre os dois países.

Mais: como a relação entre Portugal e Israel – os Estados e os povos – é marcada pelo afecto, Marcelo Rebelo de Sousa – o Presidente dos afetos – sentir-se-á, especialmente, apto para potenciar este eixo absolutamente prioritário da política externa portuguesa, como sugerido pelo Primeiro-Ministro António Costa.

 Se Marcelo Rebelo de Sousa é conhecido pelo Presidente que adora praia e ama o afeto, então, logicamente, a promoção das relações entre Portugal e Israel- marcadas, em primeira linha, pelo afeto – deve ser a praia diplomática de Marcelo…Se António Costa o diz, seria muito estranho – mesmo bizarro – que o Presidente social-democrata, de centro-direita, Rebelo de Sousa, o contrariasse…

Note-se, ainda, que Marcelo estará em Israel, no próximo mês de Janeiro, no Museu Yad Vashem (Museu da Memória do Holocausto) para assinalar os setenta e cinco anos da libertação dos campos de morte nazis, juntamente com cerca de quarenta Chefes de Estado, numa cerimónia de condenação da violência, do antissemitismo, do ódio – e em defesa da liberdade, da decência, do respeito, da tolerância e dos direitos humanos.

E Marcelo Rebelo de Sousa irá afirmar algo que hoje é insusceptível de qualquer dúvida: ser-se anti-Israel é uma forma qualificada de antissemitismo, na linha do que países, incluindo Portugal, aprovaram nos respectivos Parlamentos.

Jornalista amigo perguntou-nos, há dias, se haveria o risco de Marcelo tentar esconder a sua visita a Israel, para não incomodar o PCP ou o BE (ou o Livre, versão radical de Rui Tavares, que não o de Joacine Katar Moreira, que é uma pessoa justa e genuinamente preocupada com os direitos humanos). Ora, tal é impensável: primeiro, porque seria bizarro e impossível o Presidente da República esconder uma viagem oficial de Estado a um país amigo e aliado, apenas para não incomodar três por cento da população portuguesa (as elites do BE).

Segundo, porque seria politicamente pouco inteligente (para ser simpático) que o Presidente Marcelo – de centro-direita e que nunca teve dúvidas em se colocar ao lado da liberdade e da democracia – alinhasse com a extrema-esquerda radical e totalitária, mesmo contra o Primeiro-Ministro socialista, António Costa. Seria um mundo verdadeiramente de pernas para o ar que o Presidente Marcelo se colocasse à esquerda de António Costa – o Primeiro-Ministro entusiasmado com a visita a Israel (ele próprio irá a Jerusalém em 2021, numa decisão muito sensata de António Costa) e o Presidente Marcelo – de direita, da Liberdade e das liberdades – tivesse vergonha de assumir a sua visita a Israel…

Já não estaríamos no domínio das vacas voadoras; já seria mesmo um porco a andar de trotinete…Um mundo absolutamente bizarro…

Terceiro: o autor destas linhas conhece muito bem o nosso Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa. Marcelo adora Israel e a cultura judaica – e não faz questão de esconder a sua herança judaica familiar, da parte da sua mãe, Maria das Neves, que nasceu na Covilhã…

Marcelo está, certamente, entusiasmadíssimo com a sua visita a Israel no próximo mês de Janeiro – seria ainda melhor que revelasse, em breve e sem complexos de extrema-esquerda, a sua visita e o acatamento da sugestão do Primeiro-Ministro António Costa de se fazer acompanhar por uma comitiva empresarial que reforce ainda mais os laços económicos entre os dois Estados amigos e aliados.

Uma última nota para elogiar o trabalho diplomático – silencioso, mas sempre eficaz  e inteligente, pese embora, por vezes, pudesse ser ainda mais certeiro – de Augusto Santos Silva, Ministro dos Negócios Estrangeiros. Como já escrevemos, juntamente com Sérgio Sousa Pinto, Santos Silva é o socialista gold – de longe, o melhor socialista português, aquele que não envergonha ninguém.

Da mesma forma com que criticamos, sem medo e com frontalidade, os erros deste Governo socialista – também elogiamos, sem problemas ou pejos, as suas iniciativas meritórias. António Costa e Augusto Santos Silva estiveram diplomaticamente bem na passada semana – o que significa que quando o PS se deixa de teatrada inútil, poderemos trabalhar conjuntamente em nome de Portugal e do interesse superior do povo português.

Porque é que este PS, com cabeça e sentido de Estado, é tão raro nos dias que correm? Enfim, Costa e Santos Silva portaram-se bem desta vez; merecem o nosso elogio.

 joaolemosesteves@gmail.com