Bial adia lançamento de novos medicamentos

A Bial adiou o lançamento no mercado dos novos medicamentos antiparkinson e antihipertensão que tem em desenvolvimento, devido à quebra na facturação da empresa resultante das últimas descidas nos preços dos medicamentos.

«cortaram-nos preços no valor de 14 milhões de euros/ano. desde 2003 até agora retiraram-nos um terço da nossa faturação, por via de baixas de preços, no conjunto de medidas restritivas assumidas pelos vários governos e são esses 40 milhões de euros a menos que nos obrigam a atrasar» os investimentos, disse o agora presidente não executivo da bial, luís portela.

falando durante um encontro com jornalistas no porto, que assinalou a passagem da presidência da comissão executiva da farmacêutica para o seu filho antónio portela, luís portela disse «não questionar» as reduções nos preços dos fármacos, mas criticou que estas sejam concretizadas «de forma cega».

segundo explicou, o impacto das baixas de preços na faturação da bial obrigaram a empresa a recalendarizar as várias fases de testes ainda necessárias até ao lançamento no mercado dos novos medicamentos, devido aos elevados investimentos necessários.

«desenvolver um novo fármaco demora 10/12 anos e depois são mais 10/12 anos para o comercializar», afirmou por sua vez antónio portela, destacando os «grandes custos do desenvolvimento clínico» dos medicamentos.

no caso do antiparkinsoniano, que actualmente está na terceira fase de ensaios clínicos, a data apontada para lançamento no mercado foi adiada por dois anos, de 2012 para 2014.

já o antihipertensor, que se encontra ainda na fase um de ensaios clínicos, só deverá chegar ao mercado em 2017, quando anteriormente se previa que tal acontecesse em 2014.

de acordo com luís portela, a recalendarização dos investimentos da bial irá também afetar a investigação em curso para alargamento a novas áreas do primeiro fármaco de raiz portuguesa lançado pela empresa, o antipilético zebinix, e que implicou um investimento de 300 milhões de euros.

«percebeu-se que era um bom medicamento noutra área e estamos na fase três [de ensaios] na nova indicação do zebinix na dor neuropática», disse.

no total, estão em curso na bial cinco projetos de desenvolvimento de medicamentos e ainda alguns de vacinas, «a trazer para o mercado nos próximos 10 anos».

segundo luís portela, estes adiamentos vão «prejudicar o lançamento no mercado» dos novos medicamentos, pertencentes a uma «nova geração» de fármacos na sua área que, entretanto, vai sendo explorada pelas farmacêuticas concorrentes.

«há 30 empresas farmacêuticas na europa capazes de fazer chegar um novo medicamento ao mercado e nós seremos uma das mais pequenas nesse grupo», acrescentou antónio portela.

a internacionalização foi o caminho apontado pelo novo presidente da comissão executiva da bial para concretizar o aumento da faturação necessário para financiar a inovação na empresa.

a «curto prazo» a família portela diz pretender manter o cariz familiar do grupo, fundado em 1924 por álvaro portela, mas admite que «vender parte do capital ou ir à bolsa são sempre hipóteses em aberto» para financiamento futuro da empresa.

lusa / sol