Biógrafo de Bento XVI diz que Papa estava ‘esgotado há muito tempo’

O biógrafo de Bento XVI e autor do livro-entrevista “Luz do Mundo”, o alemão Peter Seewald, afirmou hoje que o papa “estava esgotado há muito tempo”, rejeitando que a sua renúncia esteja relacionada com o escândalo “Vatileaks”.

de acordo com a agência efe, em declarações ao semanário alemão “focus”, peter seewald refere que, há 10 semanas, quando se encontrou com o papa no vaticano, bento xvi lhe afirmou: “não se pode esperar muito mais de mim”.

seewald declarou que nunca até então tinha visto o papa tão exausto, sendo que bento xvi lhe disse mesmo que o seu terceiro livro sobre jesus cristo havia sido concluído “com as suas últimas forças”.

o autor do livro “luz do mundo” negou, no entanto, que a decisão de renúncia tenha sido influenciada pelo escândalo conhecido como “vatileaks”.

este caso remonta a 22 dezembro 2012, quando bento xvi perdoou e libertou o seu ex-mordomo, mas expulsou-o do vaticano, 12 meses depois de paolo gabriele revelar segredos papais e documentos sobre uma série de alegados escândalos com fraudes no vaticano.

a traição do seu mordomo causou “grande decepção” no papa, disse o biógrafo.

no vaticano, bento xvi admitiu hoje ter sido “muito difícil” decidir renunciar ao cargo, mas afirmou que esta era a decisão “certa” para a igreja católica.

o porta-voz do vaticano também fez hoje saber que o conclave para eleger um novo papa pode começar antes do dia 15 de março se todos os cardeais eleitores se encontrarem em roma.

num encontro habitual com a comunicação social, federico lombardi explicou que a legislação do vaticano estabelece que o conclave de cardeais deve começar entre 15 a 20 dias depois do início da chamada “sede vacante”, que é o tempo que vai desde a morte ou renúncia de um papa até a eleição do pontífice seguinte, com o objectivo de permitir a todos os cardeais deslocarem-se a roma.

“mas se todos chegarem antes pode-se antecipar [o conclave]”, frisou.

de acordo com a afp, o cardeal italiano velasio de paolis, que participará na eleição do novo papa, afirmou, em declarações ao jornal italiano la stampa, que o conclave “vai votar com base na pessoa, não de onde ela vem”.

“temos de escolher a pessoas que melhor pode conduzir a igreja e servir a causa da fé, e não aquele que melhor captou a atenção dos média e exibe a imagem mais emocionante”, disse.

bento xvi anunciou na segunda-feira a resignação, que terá efeito no dia 28 de fevereiro.

lusa/sol