Bollywood prepara filme sobre a indiana morta após violação colectiva

Numa altura em que a Índia tenta encontrar uma forma de travar a crescente onda de violência contra as mulheres, dois cineastas estão a preparar um filme de Bollywood chamado “Matar o violador?”

o filme foi inspirado pela fatal violação colectiva de uma estudante na capital nova deli, no final do ano passado, o que motivou uma indignação generalizada e um exame de consciência nacional sobre a forma como as mulheres são tratadas na índia.

o novo filme visa fazer com que “cada violador trema de medo antes mesmo de pensar em violar”, de acordo com a sua página no facebook, que conta já com mais de 40 mil seguidores.

com um orçamento modesto e um elenco em grande parte desconhecido, “matar o violador?” está previsto estrear em dezembro, um ano após o ataque em nova deli, no qual um grupo de seis homens atacou selvaticamente uma estudante de fisioterapia de 23 anos e um seu amigo, num autocarro.

“a brutalidade do crime abalou-me. fez-me lembrar quão hipócrita e egoísta é a nossa sociedade. através deste filme, queremos ampliar o debate sobre o assunto e mostrar que não há uma solução “, disse à afp siddhartha jain, da irock films, que produziu o filme.

a estudante morreu duas semanas depois devido aos ferimentos internos causados durante o ataque, e quatro homens foram condenados à morte em setembro – uma punição destinada, em parte, a dissuadir possíveis predadores sexuais.

apesar da onda de raiva, que levou à criação de uma lei mais dura contra a violação, continuam a ser relatados diariamente nos meios de comunicação social indianos crimes sexuais em todo o país.

“matar o violador? ” debruça-se sobre a forma como uma vítima desse tipo de ataque pode fazer a sua própria vingança.

“como sociedade, não temos muito respeito nem confiança no sistema legal, portanto se acontecer uma pessoa ser vítima de uma violação, o que faz?”, questiona o realizador, sanjay chhel.

“o nosso filme explora aquilo por que a rapariga passou, física e psicologicamente, a sua jornada e as pessoas ao seu redor. temos de colocar um ponto de interrogação no final do título, porque não queremos tomar uma posição legal”, disse

os cineastas pretendem que o filme choque e inquiete o público, mas sem ser sensacionalista.

lusa/sol