Brincar à Defesa, em época de Páscoa?

Defesa, indústria, inovação e liderança têm hoje especial significado

A Europa vive tempos de tensão crescente devido à invasão da Rússia à Ucrânia, há mais de dois anos, e devido às constantes ameaças de Vladimir Putin aos Estados-membros da NATO. A Defesa passou a ser uma prioridade para vários países e povos que têm adormecido com o conto de fadas da Paz como um dado adquirido, desde a II Guerra Mundial, apesar de décadas de “guerra fria”, no século XX.

Portugal não está, nem pode ficar de fora do esforço de rearmamento em curso na Europa, até porque tem obrigações como membro da NATO, designadamente, no plano orçamental, de aumentar o investimento em Defesa de 1,4% para 2% do PIB. Vários países da União estão próximos do objectivo de 2% e a Polónia avança para 4%, dada a proximidade da Rússia.

O debate “Sim ou Não” desta semana visa alertar para a relevância da economia da Defesa e para o estado em que se encontra Portugal, no que respeita ao armamento das Forças Armadas. A conclusão da entrevista a especialistas, como Francisco Proença Garcia e Catarina Nunes, é muito preocupante. Por maior que seja a carga burocrática de contratação pública, deve ser reforçado o investimento nesta área de segurança e Defesa.

Agora que os portugueses conhecem um novo Parlamento e a poucos dias do novo Governo tomar posse, espera-se que as questões da Defesa e segurança sejam uma prioridade, além das promessas de vários partidos políticos para responder a reivindicações salariais de policias ou militares, porque o contexto de escalada da tensão militar na Europa deve ser levado a sério.
A poucas semanas da celebração dos 50 anos do 25 de Abril, Portugal não deve continuar a descurar (por vezes, desrespeitar) as Forças Armadas.

Prova de que o investimento na Defesa pode gerar desenvolvimento económico é o caso “Sucesso.pt” desta semana: a Lavoro é uma marca portuguesa de calçado profissional (grupo ICC) que exporta botas para militares, policias, bombeiros ou profissionais de indústria pesada, no mercado da NATO. O empresário Teófilo Leite aposta neste segmento como fator de diferenciação numa indústria que está a sofrer com a concorrência brutal da China, Turquia e outros países produtores e exportadores de calçado.

Tempos difíceis exigem liderança com visão e resiliência. Nesta edição sugiro a leitura da crónica de Paulo Simões sobre o aniversário da travessia do Atlântico Sul, em regime de co-liderança, por Gago Coutinho e Sacadura Cabral. A História oferece-nos lições úteis que devemos saber aplicar ao mundo das empresas e organizações contemporâneas. A capacidade empreendedora e a audácia destes pioneiros da aviação portuguesa deve servir de inspiração para os tempos difíceis que se avizinham na economia e também na política nacional e externa.

luis.ferreira.lopes@newsplex.pt