BRP: Grandes empresas pagam melhor

As 42 maiores empresas que integram o Business Roundtable Portugal querem políticas para criar mais empresas com maior escala.

Centenas de empresários e gestores manifestaram-se, dia 20, no auditório da Nova SBE, em Carcavelos, por maior ambição e crescimento económico em Portugal. A associação Business Roundtable Portugal (BRP) apresentou e debateu um estudo desenvolvido pela Nova IMS que conclui que as grandes empresas pagam melhores salários e investem mais em investigação e desenvolvimento. Isto é, as empresas de maior dimensão pagam mais 30% do que as médias e mais 70% do que as pequenas e investem nove vezes mais do que as médias e trinta vezes mais do que as pequenas.

As grandes empresas gastaram em salários 30.900 euros por trabalhador, em media, mais 30% que as médias e mais 70% do que as pequenas unidades, entre 2016 e 2019. O estudo, apresentado na conferência ‘Querer e crescer: ideias para acelerar o crescimento em Portugal’, revela que as grandes empresas foram 3,7 vezes mais produtivas que as de média dimensão, em 2019, e registaram um valor acrescentado bruto (VAB, a preços de mercado) dez vezes maior que uma empresa média, entre 2016 e 2019. Se tivessem surgido 150 novas grandes empresas, além das 1291 existentes em 2019 (ou seja, 1% do tal das empresas portuguesas), estas teriam aumentado as exportações em 10%, gerado mais 5% de receita fiscal e o VAB do país teria crescido mais 4%.

Segundo Bruno Damásio, professor da Nova IMS, o contributo das empresas é de 71% em impostos, 64% nas contribuições para a segurança social, 62% nas exportações e 57% em VAB a preços de mercado, em 2019. António Rios de Amorim, vice-presidente do BRP e líder do grupo de trabalho para Empresas, questionou: «Perante estes números, qual seria o impacto de existirem duas, três ou quatro vezes mais empresas grandes no nosso país?».

O presidente da Corticeira Amorim e da COTEC defendeu que é preciso agir com urgência perante o cenário de défice de produtividade para «potenciar o crescimento das nossas empresas, tornando as pequenas médias, as médias grandes e as grandes globais». Vasco de Mello, presidente do BRP, destacou o lançamento de programas com a AICEP e a proposta de aceleração da justiça fiscal, no «Centro de Arbitragem Administrativa na resolução de litígios de natureza fiscal até aos 150 milhões de euros». O Presidente da República encerrou a conferência do BRP, associação que reúne 42 grandes empresas de diferentes setores económicos de quase todo o país.

por Luís Ferreira Lopes