‘Campo aberto’ ou ‘Guerra das trincheiras’, eis a questão

O Mapa Eleitoral do New York Times de 16 de Setembro revela uma eleição muito disputada: no que importa (o Presidente dos Estados Unidos é eleito pela maioria dos votos dos 50 estados), as projecções eleitorais dão 185 votos firmes para Obama e 156 firmes para Romney.

a estes podem somar-se mais 52 inclinando-se para obama e 48 para romney. assim, a soma fica em 237 para o presidente cessante e 206 para o challenger republicano. ganha-se com 270.

há oito estados verdadeiramente ‘indecisos’, verdadeiramente duvidosos, onde tudo se decide: colorado, florida, iowa, new hampshire, nevada, ohio, virginia e wisconsin. somam 146 votos eleitorais.

a vantagem de obama ainda é substancial e a última gafe de romney é capaz de agravar as coisas.

mas michael barone, um analista da aei (american enterprise institute), diz que estamos num tempo de «open-field politics» que contrasta com a década de 1995-2005, a que ele chama «trench-warfare politics». no ‘campo aberto’, há fortes variações dos eleitores em tempo curto. na ‘guerra de trincheiras’ não.

em 2008, o ano da eleição de obama, os democratas tiveram 54% dos votos nas eleições para a câmara dos representantes, contra 43% dos republicanos. em 2010, os republicanos conquistaram a câmara, por 52% contra 45%. apesar dos estados em causa não coincidirem, é em dois anos uma mudança muito significativa – os republicanos ganharam nove pontos que os democratas perderam, em termos de voto popular. as sondagens para o congresso este ano dão uma consolidação da maioria republicana nos representantes e a possível conquista do senado. quanto aos governadores dos estados, também têm uma ampla maioria.

a que atribuir esta diferença de votos para o congresso e para a presidência?

romney é um candidato com debilidades – é mórmon, é rico e vem da ala ‘moderada’ do gop –, o que incomoda a base conservadora.

o presidente é um retórico imbatível na arte de dizer muito bem coisa nenhuma. para se defender do marasmo da economia, vai chamar à sua conta o ter evitado, com a política do quantitative easing do fed e o apoio aos bancos e à indústria automóvel, uma catástrofe financeira ainda maior. e ter seguido uma política externa realista e ter o sucesso de matar bin laden.

na propaganda ‘negativa’, os democratas têm que tomar uma decisão: ou atacam romney por ser um catavento que muda de ideias de liberal a conservador, ou é um perigoso extremista do tea party. as duas não pode ser.

romney tem que rezar para que, ao contrário, os conservadores – também graças ao seu coéquipier paul ryan – o vejam como um deles. e que a classe média-alta dos subúrbios dos estados do centro-leste e leste oscilantes, liberal nos costumes e fiscalmente conservadora, o considere também um deles.

difícil. mas num ano de ‘campo aberto’, tudo é possível. será?