Candidatos à ANA oferecem novo aeroporto

Dos 54 potenciais interessados na ANA, Governo escolheu cinco candidatos pelo preço e estratégia. Alemães e colombianos prometem construir nova infra-estrutura.

na semana passada, o governo anunciou que vai fazer uma negociação particular com cinco candidatos para a compra da ana: os alemães da fraport, os franceses da vinci, a flughafen zürich – que gere o aeroporto de zurique –, a blink – colombiana que está com a mota-engil – e a eama – consórcio que incluiu a sonae sierra e a corporation america.

o preço terá sido um critério fundamental para a escolha. segundo a secretária de estado do tesouro, maria luís albuquerque, as propostas apresentaram valores que correspondem a 12/13 vezes o valor do ebitda (cashflow operacional), superando os 2,5 mil milhões de euros.

mas outro critério fundamental foi a estratégia apresentada. aliás, no caderno de encargos para a privatização da empresa (publicado na passada semana em diário da república), o executivo deixa claro que os concorrentes têm de contribuir «para o reforço da capacidade da ana, s. a., para responder ao previsível aumento da procura, incluindo o aumento da capacidade aeroportuária na região de lisboa». ou seja, sabendo-se que a portela está perto de atingir o limite máximo, o comprador terá de arranjar alternativas.

o sol apurou que a fraport, por exemplo, defende que, caso vença a corrida para a concessão da ana durante 50 anos, a construção de uma nova estrutura aeroportuária é a melhor estratégia para a empresa.

os alemães podem, no entanto, não avançar para a construção total do aeroporto em alcochete, para onde, segundo o projecto aprovado, estavam previstas duas pistas e espaço para outras duas. segundo fontes do sector, poderá optar-se por uma construção faseada do novo aeroporto, construindo-se, inicialmente, uma só pista, para aliviar a portela – que em 2022 estará no seu limite máximo.

«o facto é que, ao longo dos 50 anos de concessão, o problema de falta de capacidade não se resolve mesmo usando a base militar», diz outra fonte. no entanto, a base militar parece ser a opção preferida da eama, para colmatar a falta de capacidade da portela.

também os colombianos – cujo presidente esteve na semana passada em visita oficial a portugal – prometeram um novo aeroporto. em declarações aos jornalistas, víctor manuel cruz veja, ceo do grupo odinsa, que lidera o consórcio da blink e que vinha na comitiva do presidente colombiano, deu uma garantia: «se desenvolvermos o aeroporto de lisboa como gostaríamos, muito rapidamente vamos ter de construir um novo aeroporto». ao mesmo tempo, cruz veja sublinhou que o seu consórcio apostará tudo em converter «lisboa num hub entre a américa latina, europa e áfrica».

aliás, outras das exigências definidas no caderno de encargos é, exactamente, que o comprador tem de garantir a «preservação do denominado hub de lisboa, enquanto elo fundamental nas relações entre a europa, áfrica e a américa latina».

o governo quer concluir o negócio até ao final do ano e os cinco candidatos que passaram à segunda fase têm de entregar propostas vinculativas em dezembro, em data a definir por vítor gaspar.

catarina.guerreiro@sol.pt

* com ana serafim