Casino

O convite pareceu-me estranho, mas atendendo a quem o fazia, aceitei de imediato. Apesar de dizer que não conhecia quem ia tocar, disseram-me o contrário, que conhecia muito bem. Além do cartaz, havia outra razão para não recusar: queria ir dar um abraço ao Miguel, que está à frente do projecto há sete anos.

o casino de lisboa festejava mais um aniversário e para abrilhantar a festa eram esperados os hmb, que de facto não conhecia. o recinto estava completamente cheio e a banda de soul convenceu-me, não tanto como aos meus amigos, mas fiquei agradavelmente surpreendido. quando terminaram a sua actuação, o espaço começou a vazar a um ritmo impressionante, altura em que entrou em palco o verdadeiro artista que eu de facto conhecia, embora não o associasse ao nome. todo vestido de branco, chapéu e sapatos incluídos, louie austen encheu o espaço vazio com a sua voz. começou por cantar músicas de frank sinatra e afins, até que chegou às batidas da house music, com o inevitável ‘glamour girl’. enquanto cantava com o recurso a um playback instrumental, loui dava show. dançava como se tivesse 30 anos e o seu à-vontade revelava todo o mundo que transporta no corpo. a escolha não podia ter sido mais acertada, uma vez que o artista tem tudo a ver com casinos. curiosamente depois fui ao youtube ver actuações dele em discotecas e fiquei impressionado com a sua energia e como consegue colocar tanta gente nova a dançar. o que não foi o caso do casino, já que a multidão fugiu com o fim dos hmb.

o célebre miguel do lux tinha razões para estar feliz. num espaço de entrada livre conseguiu agradar a um povo menos endinheirado, como em tantas outras noites, e deu-lhes ainda a oportunidade de conhecerem um verdadeiro artista. quem quis viveu uma bela actuação sem gastar dinheiro. ao lado, as máquinas trabalhavam para isso.

p. s. – nessa mesma noite fui visitar outro amigo, também uma referência na animação nocturna. é tão referência que nem sei o nome do bar que agora explora. para mim, vamos ao ‘bar do hernâni’. fica na lx factory e é outro dos espaços onde os concertos ao vivo marcam a diferença. no caso do do hernâni, é o soul e o funk que tornam as noites mágicas ao som de grandes vozes. lisboa só ganha com a diversidade de ofertas.

vitor.rainho@sol.pt