Causas da crise não dependem da consolidação orçamental portuguesa

O ministro da Presidência afirmou hoje que as causas da crise no mercado de dívida soberana estão «longe» de depender das medidas de consolidação orçamental portuguesas e devem-se a «causas internacionais» e a uma «dimensão especulativa».

os juros associados à dívida portuguesa a 10 anos atingiram hoje no mercado secundário, pelas 13h20, o máximo histórico de 6,594 por cento, acima dos 6,512 do anterior recorde atingido a 28 de setembro.

falando no final do conselho de ministros, em conferência de imprensa, pedro silva pereira sustentou que a pressão dos mercados não é exclusivamente dirigida à situação portuguesa, tratando-se, antes, «de um movimento que envolve diversos países».

«a situação no mercado de dívida soberana está muito longe de depender da exclusiva responsabilidade do governo ou das medidas de consolidação orçamental que possam ser adoptadas em portugal. demonstra-se, pelo contrário, que há causas internacionais nesta crise da dívida soberana nos mercados financeiros e há uma dimensão especulativa nesta evolução que não tem ligação e não tem racionalidade face às medidas de consolidação orçamental que os diferentes países mais expostos na europa têm vindo a adoptar», defendeu ainda o ministro da presidência.

pedro silva pereira reiterou depois a exclusão por parte do governo português de recurso a instrumentos internacionais de apoio ao financiamento da economia portuguesa.

«a nossa mensagem é a contrária: portugal está a fazer a sua parte, está a adoptar as medidas de consolidação orçamental que os próprios mercados internacionais consideravam indispensáveis, essas medidas são reconhecidas como credíveis e adequadas, e aprovou um orçamento exigente no parlamento. portugal tem todas as condições para restaurar a confiança nos mercados internacionais e assegurar o financiamento da economia portuguesa», declarou o ministro da presidência.

para pedro silva pereira, a crise nas dívidas soberanas «transcende cada um dos países europeus expostos à pressão dos mercados internacionais».

«por isso, é um problema que deve ser enfrentado pelo conjunto dos países da união europeia. foi sempre esse o nosso entendimento», acrescentou.

lusa/sol