Celebração com renovação

O Coliseu do Porto perde o ‘do’, num sinal de abertura à área metropolitana, enquanto o Theatro Circo, em Braga, mantém o ‘h’ que faz parte do nome desde a abertura, sobre a qual se cumprem 100 anos hoje. As duas opções parecem antagónicas, mas ambas as instituições atravessam períodos de celebração e renovação. O…

«O novo conceito é que o Coliseu seja visto como a praça coberta da região do Porto. Queremos ser o lugar onde convergem todas as camadas e tribos, porque temos uma lotação e capacidade logística únicas», explica Lino Miguel Teixeira, assessor de comunicação da sala, gerida desde 1995 – no rescaldo da abortada venda à Igreja Universal do Reino de Deus – pela Associação Amigos do Coliseu do Porto (AACP). A instituição tem desde Setembro um novo presidente (Eduardo Paz Barroso, ex-director do Teatro Nacional S. João), pela primeira vez remunerado, e os municípios da área metropolitana – representados na AACP através do Conselho Metropolitano do Porto – estão de acordo em reforçar a participação financeira e dar uma nova vida a uma sala que esteve em situação «periclitante».

Em Setembro será apresentada a programação para a temporada 2015/16, em que será mais evidente o novo posicionamento. Certo é que o Coliseu continuará a acolher concertos e produções externas, mas irá também produzir eventos próprios – de que é exemplo a FLIC, que terá como cabeças de cartaz The Legendary Tiger Man, Dealema e Mind Da Gap – e vai abrir ao público duas salas quase esquecidas: o Garden Saloon e o Salão Árctico. «O Coliseu vai ser um pouco mais do que era», garante Luís Salgado, o programador da festa, que gostaria de ver mais de 3.000 pessoas (lotação máxima da Sala Praça, vulgo sala principal) a circular na noite de sábado.

Um ano de festa no Circo

Pelo Theatro Circo passaram mais de 90.000 pessoas em 2014 (mais 47 por cento do que em 2013) e, no ano do centenário, o objectivo é chegar aos 100.000. O director artístico Paulo Brandão regressou o ano passado à casa que refundou em 2006 (após profundas obras de remodelação) e onde arquitectou uma programação de luxo nos primeiros meses, com nomes como Antony and The Johnsons ou Andrew Bird. Saiu em 2010, em ruptura com a autarquia, e regressou após a eleição do social-democrata Ricardo Rio, que sempre defendeu uma programação mais virada para a comunidade local. 

«Houve uma conquista de prestígio nacional, mas agora pensamos primeiro em termos de cidade. Queremos ser um embaixador de Braga, o local por eleição onde se consome aqui cultura. Vamos tentar fazer algo de novo para os próximos 100 anos», afirma Paulo Brandão ao SOL. O próximo ano será diversificado: o ciclo A Dança Dança-se com os Pés inclui grandes nomes nacionais e internacionais, mas também haverá teatro, cinema, actividades para jovens e muita música. Nesse campo, o Festival para Gente Sentada muda-se de Santa Maria da Feira para Braga (2 e 3 de Outubro), o Semibreve (dedicado às vanguardas electrónicas) ocorrerá também no Outono e há promessa de concertos de Verão em plena Avenida da Liberdade, mesmo em frente ao teatro. «Não queremos entrar em ritmo de cruzeiro», assume o programador.