Cheiro a esgoto invade Mouriscas

Os “cheiros insuportáveis” a esgotos nas habitações e em espaços comerciais de Mouriscas, Abrantes, têm motivado protestos da população, que exige uma solução”, disse hoje à Lusa a presidente da junta de freguesia da localidade.

O problema começou "aquando da implementação do saneamento básico, a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR)", explicou a responsável à agência Lusa.

Segundo Maria Teresa Dinis (CDU), a obra "foi mal planeada", tendo em conta as características de Mouriscas, uma "freguesia extensa, dispersa e com um acentuado declive". 

A ETAR "foi colocada num dos pontos mais elevados da freguesia e foi construído um poço de retenção de resíduos no lugar do Choupos (um dos pontos mais baixos da freguesia), que ali concentra os resíduos e a partir de onde são bombeados durante vários quilómetros", descreveu.

"Conforme os munícipes se foram ligando à rede de saneamento, e os mesmos começaram a ser bombeados para a ETAR, começou-se a sentir um forte e acentuado mau cheiro nas residências e nos estabelecimentos comerciais do Casal da Igreja", acrescentou a autarca, tendo destacado "haver dias em que é impossível estar dentro dos estabelecimentos comerciais".

"Quando os resíduos são bombeados, atravessando aquela parte da freguesia, causam cheiros horríveis dentro da farmácia, dentro do talho, nos cafés e na própria junta de freguesia", apontou. 

O caso deu azo à aprovação de uma moção de protesto, apresentada pela CDU na sessão de assembleia de freguesia, realizada a dia 24 de Abril, contando com os votos favoráveis dos 3 eleitos da CDU, 2 dos independentes AGIMOS e um eleito do PS, tendo contado ainda com a abstenção de 2 eleitos do PS.

Em declarações à agência Lusa, o coordenador da CDU na concelhia de Abrantes, Rui Cruz, disse que o problema decorre "há alguns meses, e que "tem originado um forte mau cheiro a esgotos" nas habitações e espaços comerciais.

"A CDU decidiu apresentar uma moção responsabilizando os Serviços Municipalizados (SMA) e a Câmara Municipal de Abrantes (CMA) por eventuais danos que a acumulação de gases possa vir a causar em termos de saúde pública e perigo de intoxicação e de explosão", explicou. 

Os protestos da população devem-se "não só ao incómodo causado, mas também por temer pela saúde, e por ver que os responsáveis não apresentam uma solução para o problema", enfatizou.

Contactado pela Lusa, o presidente do SMA, também vereador na Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Valamatos (PS), disse que os serviços que tutela já tomaram conhecimento do problema, tendo afirmado "estar preocupado" com a situação.

"A Abrantáqua, entidade gestora dos resíduos no concelho de Abrantes, está a estudar a melhor estratégia que permita solucionar o problema o mais rápido possível", defendeu.

Lusa/SOL