Cifrão: “Sonho todos os dias em voltar a ter uma banda de rock de sucesso”

Ficou conhecido nos “Morangos com Açúcar” como um dos elementos da banda residente da novela. Agora está a lançar uma companhia de dança na internet. Já em setembro, vai criar uma escola de dança, sobretudo contemporânea, integrada no espaço de um colégio com disciplinas não artísticas. Há muito que sonha voltar a ter uma banda…

Como 99% das pessoas que nasceram em Lisboa, nasceu na Maternidade Alfredo da Costa. É alfacinha?

Não, depois de nascer fui logo viver para Queluz-Massamá e na zona de Sintra, e ainda hoje me mantenho por lá. 

É fiel a Massamá?

A Massamá, não, mudei para Belas. Sou fiel a Sintra, vá lá.

Havia sempre a hipótese de não ter conseguido sair de lá. Os habitantes de Massamá têm a difícil barreira de chegar à IC 19 para conseguirem (risos).

Sim, foi de facto difícil sair de lá, é uma localidade de que gosto muito. Eu vi Massamá crescer do nada, desde os primeiros prédios até ao que é agora, por isso foi muito engraçado viver isso. E os meus primeiros e grandes amigos ainda estão lá. E a minha mãe ainda lá está.

Nunca sentiu aquilo como um dormitório?

Não é um dormitório, para mim é o sítio onde nasci. É a minha terra.

O seu gosto pela dança é logo uma coisa da primária?

Não, o meu gosto pela dança dá-se muito tarde, manifesta-se aos 16 anos. Aos 12 anos comecei com os meus amigos, eram todos mais velhos que eu, e começámos a ir a Vila Nova de Mil Fontes e aos fins de ano. Íamos curtir para aí. Durante muitos anos senti-me envergonhado nas discotecas e nos sítios onde eles iam dançar. Ficava no balcão a ver. Gostava muito de dança, mas não sabia dançar. Aos 16 anos resolvi pôr um ponto final nesta questão e fui aprender a dançar. O gosto pela dança surgiu como uma necessidade de me sentir melhor comigo próprio e mais integrado.

Sentia-se sempre como se eles estivessem dentro e você fora?

Não era tanto não me sentir parte do grupo, eles eram os meus amigos. Era mais a questão de que eu gostaria de estar ali. Então fui em busca disso.

Os seus amigos dançavam assim tão bem?

Eles não dançavam nada, são piores que eu mil vezes. Eu é que via as pessoas dançar, desinibidas, e sentia que queria fazer aquilo mas que estava inibido. Via os bailarinos em cima das colunas. Eu gostava de fazer parte daquilo e tinha vergonha, e só gosto de fazer coisas quando sei fazer. Resolvi aprender. 

Fazia desporto?

Era jogador de futebol, guarda-redes. Fui durante a minha vida toda. Era bastante razoável, ganhei muitas taças e troféus. Nos meus tempos de escolaridade joguei no Real. Depois deixei de jogar à bola.

Presumo que seja o Real Massamá, e não o de Madrid.

Sim, era o Queluz, antigamente. Joguei no Queluz e apanhei o primeiro ano do Real quando o Queluz e o Massamá se juntaram. Não apanhei relvado, jogávamos em terra batida. E foi esse o meu percurso de jogador de futebol, acabou aos 16 anos.

E porque deixou o futebol?

Muito sinceramente, fui fazer testes ao Sporting.

E disseram que era baixo?

Sim, provavelmente seria, mas não me chegaram a dizer isso. Eu percebi que estava fora da minha liga. E a partir daí achei que não era jogador de futebol. Seria para alguns clubes mais pequenos, mas para aquele que eu gostaria de ser não ia ser. Embora nunca tenha tido a pretensão de ser um jogador de futebol, mas senti que para evoluir e ser profissional não dava. Então desisti. 

Estava a estudar?

Sim, desde que me conheço que quero ser gestor de empresas, desde miúdo: eu nunca quis ser astronauta, bombeiro. Quis ser gestor de empresas, vá-se lá perceber porquê. Até percebo, porque os meus pais eram. Sempre fui muito fã deles. O que é esquisito é para uma criança. 

Já andava aos seis anos de fato e gravata (risos)? 

(risos) Quase, mas pensava muito nisso. Comecei a trabalhar aos 12 anos porque quis. A vender caipirinhas e sumos. 

Mas isso é crime. Não vender caipirinhas, mas fazer trabalho infantil.

Ainda pior porque eu era o dono do negócio.

Ao menos eram boas as caipirinhas?

Eram as melhores que existiam. Ainda hoje sei preparar uma boa caipirinha. Comecei na Costa da Caparica e fazia feiras, trabalhava pelo país todo.

E os seus pais deixavam-no trabalhar aos 12 anos?

Sim, era nas férias. Não era no tempo de aulas. Sempre fui bom aluno, tinha boas notas e entrei para a faculdade. Os meus pais sempre me deram a liberdade de fazer o que eu queria fazer e eu era muito responsável nesse aspeto. Sou o irmão mais velho de cinco irmãos. E sempre fui muito responsável.

Foi para que faculdade?

Fui para o ISEG estudar Gestão e estive lá três anos. Foram três anos que me fizeram perceber que não era bem aquilo que queria fazer. Embora, de alguma forma, ainda faça muitas coisas relacionadas com gestão nos meus projetos.

Chegou a acabar?

Não. No primeiro ano entrei na tuna. E isso é que eu acabei. A tuna acabou comigo. Mas até me dei bem no primeiro ano. Eu trabalhava e estudava. Ganhava quase nada. Tinha um grupo de dança que entrava até em competições internacionais. 

Mas devia haver diferença entre o grupo de dança e cantar “A mulher gorda”.

Eu integrei a tuna na pandeireta e ganhei o prémio logo no primeiro festival que fiz. Eu fazia mortais com a pandeireta, para ter uma ideia daquilo que tentei introduzir.

Foi uma pena não ser com um trombone (risos).

(Risos) Ou com a guitarra, que também seria complicado, dado que não havia piano de cauda. Era faculdade e trabalho e deixei um pouco mais de lado a faculdade. Na gestão, não penso. Aliás, deixei o ISEG para ir para a escola superior de música, o Conservatório. Quero continuar estudos, mas na parte artística.

Como surgiu a televisão?

Houve uma altura da minha vida em que eu estava a estudar dança, representação e no Conservatório. Então procurei uma escola que conjugasse tudo isso, e fui para Londres. Fui estudar teatro musical em Inglaterra. Voltei de lá passado um ano e, quando cheguei cá, comecei a trabalhar como bailarino. Comecei a ter muito mais trabalho e a ser um bailarino à séria, ocupando o ano todo. Logo nesse ano apareceu-me um casting. Fui fazer o casting dos “Morangos com Açúcar”. Felizmente, já me tinha preparado bem e fiquei.

Quando foi para Londres foi um choque? É um bocadinho parecido com Massamá em algumas partes.

(Risos) Para ter uma ideia, gosto tanto daquilo que, para mim, é a minha segunda cidade.

Vai regularmente?

Muito regularmente. Os pais da minha namorada vivem lá, o que é ouro sobre azul. Mas vou lá regularmente, vou lá inspirar-me e comprar coisas e roupa. Identifico-me muito com o estilo deles. Vou regularmente ver os novos espetáculo e a dança, que não chegam aqui.

É uma cidade gigantesca para quem sai de Lisboa, é uma espécie de mundo dentro do mundo. 

Eu não me senti assim. Senti-me inicialmente muito isolado. Tinha uma data de amigos cá. Em Londres tinha apenas os três que tinham ido comigo, mas eles vieram-se embora e eu fiquei ali sozinho. E aí senti-me só. Não sou muito de fazer amigos. Se falarem comigo, sou falador, mas se não me dirigirem a palavra, não falo com ninguém.

Fica no canto como ficava na discoteca?

É isso mesmo. Para ter uma ideia, eu trabalhava e estudava. Trabalhava numa loja de roupa que era no centro. E só no meu trabalho existiam mais de 3 mil pessoas. Era uma loja gigante e não fiz amigos na loja. Falava com algumas pessoas, mas só isso. Passaram-me da reposição para as caixas porque achavam que eu era sério e responsável, e aí ainda pior, já nem me encontrava com o pessoal, estava fechado na parte das caixas a registar coisas. E o choque que Londres me deu foi o facto de eu pensar que era uma pessoa independente e quando ia sozinho era capaz de orientar bem as coisas. Mas percebi que, de facto, não era bem assim. Preciso muito de ter outro tipo de condições em que estão os meus amigos e família. Eu, sem eles, não era muita coisa.

E conseguiu resolver o assunto e arranjar amigos lá?

Não. O meu escape era ler. Eu lia na boa três livros por semana. Acabava o trabalho, ia para as aulas de dança, e quando vinha para casa lia livros, quatro ou cinco horas seguidas, até adormecer. Depois acordava e ia trabalhar. Foi a altura que mais tempo tive para ler. E em inglês, o que me fez muito bem.

Lia o quê?

Sei lá. Li “A Profecia Celestina”, “O Perfume”. Tanta coisa. Um livro levava-me a outro. “A Profecia Celestina” foi um amigo meu que me aconselhou, dizendo, “lê lá isso que é giro”. É sobre energias, coisas que eu não tenho nada a ver, mas ele insistiu, “tens de ler que vais mudar a tua atitude”. Então acabei por ler aquilo e li o seguinte do autor (“The Tenth Insight”), porque achei que aquilo até estava bem explicado. Acabei por, em termos de leitura, ter um tempo bem passado. Londres teve, para além disso, a capacidade de me mostrar que eu não era assim tão frio e de coração duro como achava que era. Isso ajudou-me. Sinto que, hoje, a minha arte é melhor por ter percebido isso.

Conheceu a sua namorada lá?

Não, a minha namorada é brasileira. Os pais dela só foram para lá agora, há pouco tempo. Viveram muitos anos em Portugal. Muito depois de eu sair, que foi em 2004.

Quando voltou estava preparado para o casting dos “Morangos com Açúcar”? 

Que só fiz passados cerca de nove meses. Mas senti que estava mais preparado por ter estado a estudar e ter feito coisas como teatro físico lá, que foi uma das coisas que mais gostei de fazer, numa peça muito louca que era o “Inferno” de Dante. Fizemos aquilo dentro de um pavilhão gigante que estava dividido em décors, eu fazia de Dante e levava as pessoas a fazer o percurso dos infernos. Foi um dos trabalhos mais interessantes que fiz lá. E tivemos em cartaz mais de um mês, e foi muito louco. Uma produção com muitos meios, bastante diferente daquilo a que estamos habituado ou, pelo menos, a que eu estava habituado a fazer cá. 

Faz o casting e entra, e é nesses “Morangos com Açúcar” que criam uma espécie de banda residente, os D’ZRT?

Sim, quando me contrataram era já para fazer parte da banda. Não tinham era a certeza se nós íamos ficar apenas no quadro da ficção ou íamos depois ter a capacidade de sair desse quadro. Mas eles contrataram-nos aos quatro para isso. 

Conheciam-se todos?

Só conhecia o Vintém, porque tinha sido eu que o tinha alertado para o casting, dizendo que havia um casting porreiro para ele ir. Os outros dois [Angélico Vieira e Edmundo Vieira], não conhecia. Nunca tinha visto o Angélico e o Edmundo era do Algarve. Acho que o Edmundo já tinha entrado na “Operação Triunfo”, porque o Vintém era câmara nesse programa e já o tinha visto, mas só isso. Éramos todos de sítios diferentes: um do Algarve, um da Margem Sul, o Vintém do Montijo, de outra parte dessa margem, e eu de Queluz. Mas foi muito tranquilo. Para ter uma ideia, durante a época dos “Morangos”, nós trabalhávamos muito: fazíamos concertos e gravávamos. Começávamos a gravar a novela às oito da manhã, até às oito da noite. E depois íamos, por exemplo, para Barcelos, para o concerto, por estradas antigas. Acabávamos o concerto, tomávamos banho, dormíamos no caminho para baixo e íamos diretamente para Troia, para gravar a novela. Chegávamos a Troia às sete da manhã e começávamos a gravar às oito. E nesse dia era igual, e no fim das gravações íamos para o Algarve.

E quanto tempo conseguiram manter esse ritmo? 

Tudo, tudo, tudo foi durante um ano e meio. A parte de acumular os concertos foi menos tempo. 

E depois disso, quantos meses seguidos dormiu?

(Risos) Sabe, depois de ganhar o ritmo, a gente habitua-se. Aprendi a dormir em qualquer local, com ou sem barulho. E estava sempre bem. Mas isto para dizer que nos conhecemos nos “Morangos” e, mesmo com este ritmo louco de trabalho, em que a cabeça vai ao limite, nós nunca discutimos uns com os outros, dávamo- -nos mesmo bem. O que é muito difícil acontecer nas bandas. Normalmente, as bandas que trabalham juntas durante muito tempo estão sujeitas a muita pressão e as coisas acabam por estalar. Connosco, isso nunca aconteceu, sempre respeitámos o espaço uns dos outros, quem é que fazia o quê. Nunca houve stresses. 

Tornaram-se amigos?

Irmãos. Amigos é uma palavra muito pequenina. Nós fazíamos juntos coisas que dificilmente viveremos com outras pessoas. Mesmo que eu agora faça uma banda e tenha muito sucesso, é muito difícil, para não dizer impossível, que viva as coisas com a mesma intensidade e espírito. Foi muita coisa. 

Não é frustrante ter muito cedo aquela quantidade de adrenalina e pensar que nunca mais vai conseguir repetir isso?

Sonho todos os dias voltar a ter uma banda de rock de sucesso outra vez. E isso faz parte do meu projeto de vida. Eu trabalho para ter uma banda de sucesso, independentemente da minha experiência nos D’ZRT.

Uma banda de sucesso ou uma boa banda de música, qual é o fator fundamental?

Boa banda de música, nós já fazíamos nos D’ZRT. Se calhar, nunca nos viu tocar. Mas é óbvio que quando tens 15 anos gostas de um estilo de música; quando tens 30, os teus gostos evoluíram. O ser simples não é ser mau. Ser simples pode ser o caminho perfeito para chegar às pessoas. E a simplicidade é complicada, mesmo que pareça enganadoramente fácil. Porque é que uma música com três acordes não há de ser boa? Os Nirvana fartaram-se de fazer isso.

A diferença pode ser entre os três traços do Paul Klee [pintor contemporâneo alemão conhecido pelos seus quadros “infantis”], que se pressupõem uma data de coisas, e um tipo qualquer que faz três traços… o que eu quero dizer é que entretanto passaram não sei quantos anos, uma boa banda de música poderá ser, para si, bastante diferente dos D’ZRT.

Não se pode fazer isso porque os D’ZRT eram a criação de quatro pessoas e a fusão de quatro estilos musicais num só grupo. Eu sou apenas uma pessoa, não reproduzo essa fusão.

E qual é o seu estilo de música?

Vai ver daqui a uns tempos. Não quero revelar muito sobre isso. É aquilo que as pessoas vão ouvir. Eu estou a fazer coisas, já estou a criar. Estamos a tocar ao vivo, ainda ninguém sabe que sou eu. Quero que seja assim. Desejo que a música não passe pela imagem, mas por aquilo que ela representa sonoramente. Se calhar, isso já responde à sua pergunta do que é a minha ideia, hoje, de fazer boa música. No outro dia demos uma entrevista à Rádio Oxigénio e ninguém sabia que éramos nós. 

Hoje, a música é completamente diferente do que era antes na internet. Como é que isso vai refletir-se no vosso trabalho?

A forma de distribuição, sim. Amanhã, a televisão não vai ser aquilo que ainda é hoje: escolhe o programa que quiser e nem sequer vão existir canais como os conhecemos. Uma banda que aparece numa televisão, numa novela, amanhã pode sair por meios completamente diferentes.

Tudo mudou rapidamente. As pessoas continuam a ver telediscos cada vez melhores no seu computador e nem sabem que existiu uma coisa chamada MTV, que só passava telediscos, e mesmo aquele do “Video Killed The Radio Star”.

Hoje estava a ver uma reportagem sobre a última empresa que produzia cassetes VHS, que encerrou hoje a sua produção. A maioria das pessoas não sabe sequer o que era uma cassete VHS. Há pessoas que não fazem nenhuma ideia, no outro dia, um miúdo de 14 anos disse-me que aquilo era uma coisa para ouvir música. Confundia aquilo com uma cassete de áudio. Acho que a minha geração – tenho 37 anos – foi a última que apanhou a transição de tudo. Nós sabemos como os nossos pais, como os nossos avós ouviam música, e sabemos o que se faz agora. Haver pessoas que não sabem o que é uma cassete de VHS e uma de áudio é uma coisa grave. É não perceber de onde viemos.

E por falar em desmaterialização das coisas, como apareceu esta ideia de um concurso de dança na internet?

Há duas coisas: o Online Dance Challenge e a Online Dance Company. Está a falar só da primeira. O Challenge surgiu primeiro. Acho que a internet é um mundo. A forma de divulgar o trabalho de um bailarino já não é a mesma. Hoje, um bailarino pode chegar muito mais longe – quando digo isso, é além-fronteiras – se tiver bons vídeos de dança para mostrar às pessoas. Há falta disso em Portugal. Temos de aprender o que faz o pessoal lá fora: vídeos de dança para divulgar o trabalho. Depois, muitos dos professores de renome internacional são pessoas que vemos em vídeo, e depois contactamo-lo para vir cá durante um ou dois dias para fazer um workshop. E depois vamos buscar o outro e mais outro. E dificilmente há portugueses a ir para fora fazer isso. Para conseguirmos sair para fora e mostrar o que é o nosso trabalho cá, temos de ter essa capacidade de divulgar o nosso trabalho na internet. E o Challenge faz isso mesmo, vai buscar bailarinos que não são profissionais e mostra-lhes um meio de apresentar o seu trabalho lá fora. Eu faço isso mesmo. Eles têm de me apresentar um vídeo até um minuto e meio de dança, em que não há cortes nem edições, para que se vejam as suas capacidades na dança. Criei isso para poder mostrar às pessoas que há uma nova forma de divulgar os novos talentos. Já consegui, por exemplo, com essa divulgação que uma miúda se tornasse bailarina profissional, e não era. A Mafalda ganhou duas vezes o nosso Challenge. E esse é o objetivo, pegar em pessoas com talento mas ainda não reconhecidas e mostrá-las: há este clássico, este de hip-hop, este de danças de salão, e vamos pegar neles e divulgá-los.

Qual é a adesão disso?

Tivemos 100 inscrições no primeiro Challenge e 200 no segundo. Isto, no mundo da dança, é gigante. As visualizações, foi um número absurdo. E depois há as votações. As pessoas votam até à final. E aí são os jurados que decidem. A intenção disto é promover a dança, o Challenge serve para isso. Temos a capacidade de mostrar a razão por que dançar é bom, dar a capacidade de as pessoas sonharem que podem concretizar o sonho de serem bailarinos profissionais. Com o desaparecimento das companhias de dança [olha em redor]… estamos num sítio perfeito para falar disso, porque a Companhia de Dança da Gulbenkian desapareceu. Ficou a Companhia Nacional de Bailado e a Olga Roriz, ficaram muito poucos. Mas isso desmotiva as pessoas. Não existe nem uma companhia de hip-hop, só grupos, o Estado não apoia senão o clássico e o contemporâneo. A segunda fase é criar uma companhia de dança que só existe online. Não tem elementos fixos e só atua online. Esta companhia não existe fisicamente num espaço em que possas vê–la, mas vão juntar-se para atuar online. Neste momento, ainda não filmámos todos juntos. Estamos a gravar cada protagonista na sua área: o primeiro é o campeão nacional de hip-hop; o segundo vídeo são dos melhores dançarinos de salsa do mundo; o terceiro vídeo são dois miúdos, de 12 anos, que foram campeões mundiais de danças de salão; o quarto vídeo vai ser um membro de um grupo que ganhou o campeonato do mundo de hip-hop, em Marselha. Estou a juntar os melhores de cada área.