Co-adopção: BE apela ao chumbo do referendo

O Bloco de Esquerda (BE) reiterou hoje que vai votar contra o projecto de resolução social-democrata, que propõe um referendo sobre co-adopção e adopção de crianças por casais do mesmo sexo e apelou ao chumbo da iniciativa.

a assembleia da república (ar) debate hoje o projecto de resolução e a votação acontecerá na sexta-feira.

em causa está uma proposta de referendo apresentada por um grupo de deputados sociais-democratas, membros da juventude do partido (jsd), que vai ser debatida em plenário na quinta-feira e votada na sexta-feira.

a proposta deverá ser aprovada pelos 108 deputados do psd, já que o partido decidiu aplicar disciplina de voto.

a ser aprovado o projecto de resolução, a convocação do referendo terá ainda de passar pelo crivo do tribunal constitucional e depende da decisão do presidente da república.

em declarações à agência lusa, a deputada do be cecília honório sublinhou que o sentido de voto do partido é contra a proposta de referendo “por todas as razões”.

“somos contra, porque os direitos fundamentais não se referendam, porque a ar tem toda a legitimidade para tratar deste processo e decidir a favor destas famílias e destas crianças e, nesse sentido, já o fez no debate na generalidade”, disse.

a deputada salientou também que, na opinião do be, o projecto de resolução do psd “tem um erro muito grave: aponta para a possibilidade de realizar um referendo relativamente à adopção plena e essa matéria não está sobre a mesa”.

“estas são as razões que nos parecem fundamentais em torno do debate político, mas há outras matérias como a deslealdade de um grupo de deputados do psd que desrespeitou em absoluto as expectativas das famílias e a seriedade dos trabalhos parlamentares”, disse.

a deputada bloquista contou que a primeira comissão parlamentar “assumiu, durante um tempo recorde, um conjunto alargado de audições em que foram ouvidas diversas pessoas, inclusive especialistas”, para que o processo legislativo estivesse concluído em julho.

“se esta parte do psd tinha intenção de bloquear o processo, tinham-no feito em tempo próprio. fazê-lo agora, depois do esforço extraordinário, é uma forma de desviar atenções, de empatar o processo. é desleal relativamente aos trabalhos parlamentares e é sobretudo gravíssimo em relação às expectativas das famílias e das crianças e da consagração dos seus direitos fundamentais que e o que mais importa”, frisou.

cecília honório fez ainda um apelo para que “haja uma réstia de bom senso no que diz respeito à falta de seriedade”.

“soubemos que há até acordo do primeiro-ministro. preocupa-nos esta articulação entre os jovens da jsd e o primeiro-ministro. espero que o bom senso impere, que esta iniciativa, que não tem qualquer sentido, seja chumbada”, salientou.

lusa/sol