Coligações

MÁRIO Soares, que sofreu na pele duas ‘ajudas’ do FMI a Portugal, escudando-se em coligações alargadas – primeiro, PS-CDS; depois, PS-PSD –, sabe muito bem por que se esforça em conseguir uma coligação alargada após 5 de Junho.

quer evitar uma oposição em alargadíssima coligação – pcp-be-ps – às politicas ‘difíceis’ a que o próximo governo estará obrigado.

mas haverá sempre a sociedade civil, que poderá deitar abaixo o governo com a maior maioria parlamentar. e, depois, será grave se o sistema parlamentar não estiver em condições de gerar uma alternativa. claro que a alternativa pode sair da própria coligação governamental em queda – como aconteceu quando o psd de cavaco sucedeu ao bloco central ps-psd.

de qualquer maneira, as perspectivas não são animadoras: o ps continua comprometido com o pior de si próprio, e o que mais directamente levou o país ao caos; o psd dá demasiados tiros nos pés para ser convincente, tendo como única vantagem visível não apresentar sócrates nas listas; e o cds, dos submarinos ao caso portucale, passando pela moderna, com ou sem condenações, não é mais atraente.

com um futuro tão sombrio – o que nos levará a votar, apesar do empenho óbvio em remover sócrates?

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