Concertação contra a meia-hora

O Governo inclina-se para não ceder na imposição de meia-hora diária de trabalho gratuito no sector privado. É esta a predisposição de quem está a liderar pelo Executivo as negociações com os parceiros sociais. Mas a decisão, da qual pode depender conseguir-se ou não um acordo na concertação social, será sempre política e caberá a…

a meia-hora extra ameaça transformar-se na principal dor de cabeça do primeiro-ministro. o ps vai estar na primeira linha de contestação à medida que o governo apresentou no parlamento em dezembro, ignorando os parceiros sociais. os socialistas sentem-se, aliás, apoiados pela mensagem de ano novo do presidente da república (ver texto na página ao lado), que interpretam como uma crítica ao governo por descurar a concertação social.

o líder do ps, antónio josé seguro, entende que a meia-hora de trabalho a mais é uma medida que não resulta do acordo da troika, assinado pelo ps, e nem sequer foi proposta pelas associações patronais. «o ps fará oposição clara a essa medida que não é apoiada por nenhum parceiro social. uma medida que não tem efeito na produtividade e vai aumentar o desemprego», diz miguel laranjeiro, responsável pela área do trabalho no ps, que lamenta que o governo «não a tenha sustentado com qualquer estudo a necessidade de trabalho gratuito». o sol apurou, no entanto, que o banco de portugal terá um estudo recente em que avalia como mínimo o impacto na economia e na produtividade da meia-hora de trabalho extra.

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