Conta britânica de TV russa foi encerrada, após ameaça de sanções

John Kerry e Boris Johnson sugeriram novas sanções à Rússia pelos bombardeamentos na Síria 

No seguinte ao anúncio feito pelo ministro dos negócios estrangeiros do Reino Unido e pelo secretário de Estado norte-americano, que dava conta de conversações no sentido da aplicação de novas sanções económicas à Rússia, pela sua alegada participação no bombardeamento sobre civis, na Síria, o canal televisivo russo RT viu as suas contas no Reino Unido serem encerradas.

A novidade foi dada pela diretora da estação, Margarita Simonyan , através de uma mensagem publicada no Twitter, esta segunda-feira: “Encerraram as nossas contas no Reino Unido. Todas elas. ‘A decisão não é discutível. Viva a liberdade de expressão”.

Segundo uma notícia publicada no site da RT, a entidade bancária NatWest enviou uma carta para os escritórios da televisão em Londres, na qual informava que tinha procedido a uma “revisão recente dos seus acordos bancários” com a estação televisiva e, como tal, tinha “chegado à conclusão que não iria continuar a fornecer esses serviços”.

Uma decisão que a RT considera “incompreensível”. Num comunicado partilhado também no seu site, a estação russa, financiada por Moscovo, refere que a mesma vai de encontro às “inúmeras medidas que têm sido tomadas no Reino Unido e na União Europeia, nos últimos anos, para ostracizar e (…) impedir o trabalho da RT”. Apesar de lamentar, o canal deixa uma promessa; “A RT vai continuar o seu trabalho ininterruptamente”.

O encerramento da conta bancária da estação russa aconteceu poucas horas depois de um encontro entre John Kerry e Boris Johnson, no domingo, em Londres. O chefe da diplomacia norte-americana aterrou na capital britânica, depois de uma reunião inconclusiva, no dia anterior, com Sergei Lavrov, ministro dos negócios estrangeiros russo, destinada à reabertura de negociações sobre a guerra civil na Síria.

“Estamos a considerar sanções”, admitiu Kerry, no final da reunião com o seu homólogo britânico, citado pelo “The Guardian”. Johnson confirmou a intenção de aplicar “sanções extra ao regime sírio e aos seus apoiantes”. Face à falta de vontade política para se encontrar uma solução para a guerra civil síria, Johnson dá o mote: “Penso que a arma mais poderosa que temos, neste momento, é a nossa habilidade de fazer o presidente Putin e os russos de sentirem as consequências daquilo que estão a fazer”, referiu Johnson.

Mas o governo britânico negou, no entanto, qualquer envolvimento no encerramento da conta bancária da RT. Em declarações à agência Reuters, um porta-voz do executivo disse que “é o banco que decide a quem oferece os seus serviços”, tendo em conta o “risco” associado a cada cliente.