Cooperativa organizadora do Fantasporto avança para despedimento coletivo

A cooperativa Cinema Novo, que organiza o festival de cinema Fantasporto, decidiu avançar para um despedimento coletivo, mantendo só duas das nove pessoas que integravam o quadro.

Segundo o pré-aviso de despedimento coletivo, a que a Lusa teve acesso, “desde o ano de 2009 e com agravamento gradual a partir de então, tem vindo a verificar-se perda das receitas que permitiam a atividade normal da empresa”.

Daí que a empresa considere que não é “possível manter o pagamento da carga salarial existente, pela elementar razão de que não existem meios económicos que o permitam”, pelo que decidiu “reduzir os encargos com salários para valores que se aproximem dos de 2009 em termos do seu peso percentual no total da receita” considerando que “a estrutura do pessoal está claramente sobredimensionada para a atividade da Cooperativa”.

A cooperativa decidiu despedir nove pessoas, entre as quais dois familiares dos diretores do festival, Mário Dorminsky e Beatriz Pacheco Pereira.

Os dois diretores mantêm-se no quadro da cooperativa, com Beatriz Pacheco Pereira a auferir um vencimento de 4.500 euros (brutos), enquanto Mário Dorminsky se encontra com contrato suspenso já que é atualmente vereador da Cultura da Câmara de Vila Nova de Gaia.

Nos quadros da cooperativa permanece Irene Pires, administrativa e a trabalhadora mais antiga da estrutura.

A agência Lusa tentou obter um comentário durante o dia de hoje de Mário Dorminsky, mas tal não foi possível.

Em declarações ao jornal Público, Dorminsky afirmou que o festival avançava para o despedimento coletivo para conseguir “um mínimo de equilíbrio financeiro que permita a continuação da sua atividade”. “Pode ser um pré-fim do Fantasporto, mas fizemos isto para evitar o pior, uma insolvência”, referiu ainda.

O diretor do festival garantiu o “pagamento de todas as dívidas a credores” e referiu que para que o festival de 2014 se realize é imprescindível o apoio do Estado. Dorminsky espera que seja assegurado “pelo menos nos valores atribuídos em 2012”, os 100 mil euros do Instituto do Cinema e do Audiovisual.

À procura de patrocinadores e de alienar alguns bens do património da cooperativa, a Cinema Novo contraiu um empréstimo para pagar as indemnizações às pessoas despedidas.

Entre as razões apresentadas, no aviso de despedimento coletivo, para a descida das receitas do festival estão a retração das receitas de “publicidade e de subsídios, públicos e privados”, bem como o fim do papel que o Fantasporto tinha como distribuidor de cinema.

Isto faz com que “a única época de grande atividade da cooperativa seja a da realização do Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto”.

Lusa/SOL