Crónica da primeira vitória de Passos Coelho!

Já escrevemos no nosso último texto aqui no SOL que a vitória de Miguel Albuquerque deve-se ao seu mérito e ao seu trabalho de notável habilidade política. Já explicámos devidamente como percebeu genialmente as fraquezas quer de Vítor Freitas e do PS Madeira – quer de Alberto João Jardim, sem renegar os méritos do seu…

Passemos a responder a esta interrogação, de modo sério e imparcial. Com lucidez política, honestidade intelectual, não nos deixando influenciar pelas preferências político-partidárias. Pois bem, em primeiro lugar, ressalve-se que não cremos que o impacto do veredicto eleitoral da Madeira nas legislativas nacionais seja a questão mais relevante: a situação política madeirense é, por si só, bastante relevante. Trata-se de uma parcela autónoma do território nacional, integrando plenamente a nossa Pátria. Os madeirenses são tão portugueses como os lisboetas, os minhotos, os portuenses, aveirenses e por aí adiante.

Dito isto, é evidente que, não obstante as eleições serem madeirenses e os eleitores votaram essencialmente pensando nos interesses da região e não efectuando uma avaliação sobre o desempenho de Passos Coelho como Primeiro-Ministro, a primeira constatação que temos de enunciar, em nome da honestidade intelectual, é esta: a vitória da Madeira, embora se deva ao mérito de Miguel Albuquerque, é objectivamente a primeira vitória de Passos Coelho e do PSD. Porquê? Por uma razão muito simples: Miguel Albuquerque foi uma aposta de Passos Coelho desde o primeiro minuto. Quando ainda era muito impopular criticar Alberto João Jardim e o seu modo sui generis de governar, Passos Coelho assumiu, sem receios criticas, mais ou menos subliminares, mais ou menos expressas, a oposição a Alberto João e preparou a alternativa liderada pelo seu amigo Miguel Albuquerque. Quando todos julgavam impossível que um candidato do PSD, que não o Alberto João, Alberto amigo, obtivesse maioria absoluta, Albuquerque – candidato de Pedro Passos Coelho – conseguiu o feito. É objectivamente uma vitória de Passos Coelho.

Por outro lado, quanto ao PS, verificou-se exactamente o oposto. Foi a primeira derrota de António Costa. DIr-se-á que a Madeira já era do PSD e para os socialistas seriam quase uma missão impossível conquistar a confiança da maioria dos madeirenses. Tal afirmação seria correcta noutros tempos, noutros actos eleitorais na Madeira: não neste.

Com efeito, nestas eleições regionais madeirenses, o PS, com um candidato muito querido de António Costa, tinha a oportunidade da sua vida: as últimas autárquicas tinham corrido bem à coligação liderada pelo PS – que conquistara um município importante – e o momento da saída de Alberto João era o momento ideal para promover uma mudança política na Madeira. E a não atingir a  vitória, exigia-se ao PS que alcançasse um resultado honroso. Nada disso: o PS teve um resultado desastroso, ficando atrás do CDS e quase a ser ultrapassado por um movimento de cidadãos de Santa Cruz. Para além do facto de o PSD ser governo nacional e, logo, os madeirenses poderiam aproveitar o ensejo para castigar o partido que está no Governo. Ainda para mais com a agravante de que António Costa se deslocou à campanha socialista na Madeira, participando numa iniciativa de Vítor Freitas. Significa isto que António Costa não é uma mais valia política: não traz valor acrescentado às candidaturas do PS.

Foi, aliás, o Partido Socialista que nacionalizou o resultado das eleições na Madeira. Perante a derrota estrondosa, sectores do PS não alinhados com Costa e que têm sido críticos da sua liderança, surgiram de imediato publicando artigos de opinião e dando entrevistas em que culparam António Costa pelo desprezo face ao acto eleitoral madeirense. Os seguristas acordaram – e deram um sinal de que estarão muito atentos ao desempenho eleitoral de Costa. Afinal, o PS não está nada unido, apesar das directas de Setembro – o PS está num verdadeiro caos interno.

O que leva para um problema mais profundo: António Costa não é um verdadeiro líder. O método de Sócrates – que Costa fielmente segue – já não resulta…