Crónicas de 12 frentes de guerra e 27 revoluções

Quando Ryszard Kapuscinski nasceu, em 1932, a cidade de Pinsk ainda não ficava na Bielorrússia. Era uma cidade polaca de fronteira onde havia, recordou o próprio num texto da Granta, “uma população sem pátria e sem identidade nacional”. Foi lá que começou por ter vizinhos polacos, bielorrussos, ucranianos e arménios, numa realidade poliglota e muito…

Famoso mais tarde pela sua empatia para com o Terceiro Mundo, a primeira viagem de Kapuscinski aconteceu dentro do seu próprio país quando estava na escola primária. As tropas nazis entraram por uma fronteira, as tropas da União Soviética por outra, e a II Guerra Mundial explodiu na sua infância, enquanto a família – os pais eram professores – conseguia fugir de Pinsk para Varsóvia. Foi a partir daí que se formou em História, começou a trabalhar em jornais e se deixou conduzir pelos ideais de um mundo mais justo até ao cargo de correspondente internacional.

Entre 1958 e 1991 trabalhou em cerca de 50 países, assistiu a 27 revoluções (esteve perto de Che Guevara e Patrice Lumumba) e passou por 12 frentes de guerra. Foi com essas experiências que começou a publicar livros que se espalharam pelo mundo em dezenas de traduções. Alguns dos mais marcantes estão publicados em Portugal. É o caso de O Império, Ébano ou o que saiu mais recentemente – Mais Um Dia de Vida, sobre a independência de Angola. Morreu em 2007, aos 74 anos.