Dérbis de cortar a respiração

Intensidade, emoção, sete golos, bolas no poste e na barra, casos de arbitragem, um ‘frango’. Ou 120 minutos de futebol ao mais alto nível. O Benfica-Sporting do último fim-de-semana, referente aos 16 avos-de-final da Taça de Portugal, juntou todos os ingredientes que alimentam uma rivalidade com mais de 100 anos.

num jogo de cortar a respiração, disputado a cada centímetro de relva, a sorte sorriu aos ‘encarnados’: os três golos de óscar cardozo não evitaram o prolongamento e acabou por ser um lance caricato, que deixou rui patrício mal na fotografia, a deitar por terra o esforço inglório dos ‘leões’.

o dérbi de 9 de novembro de 2013 tem lugar assegurado entre os cinco mais electrizantes da história da taça. o sol recorda os outros quatro.

e tudo o intervalo mudou

os golos de rui costa e nuno gomes davam uma vantagem confortável ao benfica de chalana ao intervalo. as ‘águias’ dominavam as operações e a vitória parecia destinada, face à incapacidade do sporting em reagir.

não se sabe ao certo o que paulo bento disse aos seus pupilos no balneário, mas a verdade é que os ‘leões’ apareceram no segundo tempo com uma alma nova. em meia hora marcaram cinco golos, dois por yannick djaló, e afastaram o benfica da final (5-3). a batalha de 16 de abril de 2008, em alvalade, ficou para a história como imprópria para cardíacos.

a lotaria dos penáltis

em 2005, o estádio da luz viveu um autêntico vendaval de futebol. só a primeira parte teve direito a quatro golos, dois para cada equipa, e nem o prolongamento desfez a igualdade. paíto galgou o campo todo com bola, fez um túnel a luisão e fuzilou sem piedade o guarda-redes do benfica. mas quando toda a gente pensava que os ‘leões’ iam passar às ‘meias’, simão arriscou de fora da área e fez ‘explodir’ o estádio em cima do apito final.

na maratona de grandes penalidades, inédita em dérbis na taça, o benfica foi mais feliz: miguel garcia enviou à barra o 14.º penálti e deixou o sporting pelo caminho.

eusébio resolve

após atropelar o fc porto (6-0) nas meias-finais e ter garantido o campeonato, o benfica de jimmy hagan travou um intenso duelo com o sporting na discussão do troféu em 1972. com dois golos para cada lado ao fim de 90 minutos, espelho do equilíbrio em campo, eusébio deixou os 45 mil adeptos no jamor em alvoroço à beira do final do prolongamento.

corria o minuto 118 quando o pantera negra soltou uma ‘bomba’ de livre directo que só parou nas redes da baliza leonina (3-2). segundos antes de celebrar o hat-trick, eusébio avisara humberto coelho: “vai ser golo”.

até ao último minuto

a final de 1952, a primeira entre os rivais de lisboa, registou um recorde de bilheteira (acima dos 500 contos) e ainda hoje detém o recorde de golos.

o sporting foi o primeiro a marcar no estádio nacional. o benfica ripostou com dois golos e os ‘leões’ responderam na mesma moeda. os ‘encarnados’ igualaram, os de alvalade voltaram a liderar e dois minutos depois estava tudo empatado outra vez.

com o marcador a assinalar 4-4 e o árbitro já a olhar para o relógio, rogério pipi, um histórico do benfica, passou por dois adversários em velocidade e com um remate à entrada da área apontou o golo da vitória no derradeiro minuto. os dérbis são mesmo assim: há jogo até ao último suspiro.

hugo.alegre@sol.pt