Desmaios, folhas trocadas e caretas nas tomadas de posse

As tomadas de posse dos Governos são momentos solenes que obedecem a um cerimonial rígido, mas por vezes o protocolo é quebrado quando menos se espera por desmaios, folhas de discursos trocadas ou ‘caretas’ de espanto dos próprios ministros.

Na terça-feira toma posse o XIX Governo Constitucional, às 12:00 no Palácio da Ajuda.

Nos últimos 20 anos, tomaram posse sete Governos, mas em 1991 foi a tomada de posse dos secretários de Estado que motivou pelo menos alguns comentários, pois à última hora a ‘cadeira’ do secretário de Estado da Ciência ficou vazia.

O lugar no Governo de maioria social-democrata chefiado por Cavaco Silva tinha sido oferecido a Henrique Diz, que aceitou o convite, mas omitiu o facto de ser militante do PS.

Essa omissão de «factos politicamente relevantes no contexto da vivência político-partidária», conforme é descrito num comunicado então emitido pela presidência do Conselho de Ministros, acabaria por ditar o seu afastamento do Governo, antes ainda de tomar posse.

Quatro anos mais tarde, o protagonista de mais um ‘incidente’ foi o actual Presidente da República, que na altura se despedia do cargo de primeiro-ministro e passava a ‘pasta’ ao socialista António Guterres.

A cerimónia de tomada de posse decorria normalmente na Sala dos Embaixadores do Palácio da Ajuda quando, subitamente, Cavaco Silva desfaleceu, sendo amparado pelas pessoas que estavam à sua volta.

O calor excessivo que se fazia sentir e as horas «terríveis» que tinha vivido antes da cerimónia devido à morte do sogro foram as explicações então avançadas por Cavaco Silva, que se apressou a pedir desculpas pela perturbação causada.

Quase dez anos mais tarde, em Julho de 2004, depois da saída de Durão Barroso para a Comissão Europeia, foi Pedro Santana Lopes que tomou posse como primeiro-ministro, numa cerimónia rica em pequenos ‘episódios’, a começar pelo ar de espanto mostrado por Paulo Portas quando ouviu que a sua pasta iria designar-se não apenas Defesa, mas incluiria também os Assuntos do Mar.

Depois, foi o novo primeiro-ministro que deu sinais de verdadeira atrapalhação, quando a meio do discurso que trazia preparado parou de falar e começou a passar páginas para a frente e para trás, parecendo querer saltar parágrafos da longa intervenção, que se prolongou por meia hora.

Ainda antes da tomada de posse tinha-se gerado outra pequena ‘confusão’, com Teresa Caeiro, a “filha e neta de militares”, a ser dada como certa a meio da tarde como secretária de Estado adjunta do ministro da Defesa e dos Antigos Combatentes.

Horas depois, Teresa Caeiro acabou por tomar posse como secretária de Estado das Artes e do Espectáculo.

Oito meses depois, a chefia do Governo foi entregue a José Sócrates, mas as atenções estavam também dirigidas para Paulo Portas, que cessava funções como ministro da Defesa, e Diogo Freitas do Amaral, que assumia a pasta dos Negócios Estrangeiros.

Depois das críticas contundentes com que o CDS-PP recebeu a nomeação do seu fundador para ministro do primeiro Governo de maioria absoluta socialista, todos esperavam pelo cumprimento entre Portas e Freitas do Amaral, que acabou por não durar mais de três segundos, o tempo estritamente necessário para o líder democrata-cristão desejar «felicidades» ao novo governante.

Já em 2009, a perturbação chegou do exterior do Palácio da Ajuda, com os comediantes conhecidos como os Homens da Luta de megafone na mão a gritar Sócrates amigo, a luta está contigo enquanto na Sala dos Embaixadores José Sócrates era reconduzido para um segundo mandato à frente do Governo.

Lusa/SOL