Dinossauro agita votos em Coimbra

O socialista Manuel Machado, que governou a cidade 12 anos, ameaça apear o social-democrata Barbosa de Melo. O CDS, que desfez a coligação de direita, pode não eleger vereadores. À esquerda, a CDU tenta a eleição de um segundo representante, à custa do BE.

em coimbra, a decisão de dia 29 é entre a continuidade e o regresso. na recta final da campanha, o socialista que governou coimbra 12 anos parece estar muito próximo de voltar a ocupar a cadeira que foi sua. uma sondagem da eurosondagem para o jn, publicada esta semana, consolida a vantagem de manuel machado (36,2%) sobre joão paulo barbosa de melo (32,6%).

machado leva 39 anos de militância no ps e entrou para a câmara de coimbra em 1983 para assumir responsabilidades na administração geral, finanças e património. em 1989, venceu as eleições como cabeça de lista do ps. foi apeado em 2001, ano em que carlos encarnação, da coligação psd/cds, chega ao poder, tendo sido reeleito em 2005 e 2009. encarnação foi substituído na câmara em 2010, por barbosa de melo.

o actual presidente não conseguiu estancar a perda de habitantes e lida com os problemas decorrentes de todos os dias receber 50 mil pessoas que trabalham na cidade ou estudam na universidade e no politécnico. aposta agora na criação de emprego e reclama o mérito de contribuir para a elevação a património da unesco da universidade e das zonas da alta e da sofia.

na matemática dos votos, o fim da aliança entre psd e cds pode custar caro a barbosa de melo. luís providência, o número um da lista centrista à câmara, e actual vereador, reclamava a subida do quinto para o terceiro lugar na reedição da lista conjunta. a promoção terá sido negada pelo psd, que agora vai ter de competir com o cds.

a medição de forças pode prejudicar ambos, com o cds a arriscar ficar fora da câmara. de acordo com a referida sondagem, tem para já 6,8% das intenções de voto, sem garantia de mandato. em declarações ao sol, luís providência recorda o “efeito normal” que prejudica o cds nas sondagens: “menos votos em sondagens têm significado mais votos em urna”.

o candidato centrista diz não temer a penalização do eleitorado a um dos partidos do governo porque “coimbra tem maturidade democrática para separar as águas”. no entanto, o fantasma da abstenção paira sobre o objectivo eleitoral do cds. a última semana será determinante para os objectivos centristas.

comunistas tentam eleição do segundo vereador

na cdu, pelo contrário, a corrida de fundo em coimbra é feita a pensar na eleição de um segundo vereador. francisco queirós, na câmara com o pelouro do parque habitacional do município, está confiante no resultado dos comunistas. ao sol, recorda os resultados de 2009: quatro deputados à assembleia municipal, um vereador com pelouro e a presidência de cinco das 31 (que passam a 18) freguesias do concelho.

uma postura combativa dá-lhes “presença efectiva na cidade”, afirma. a luta mais recente é contra o encerramento do hospital dos covões e não lhe faltam propostas para atrair eleitores, de modo a confirmar os 11% das intenções de votos previstos no estudo da eurosondagem/jn. “queremos repor o mapa concelhio e descentralizar para as freguesias grande parte do trabalho”, ensaia.

o bloco de esquerda não apresentou candidato oficial. tem no independente josé ferreira da silva uma espécie de embaixador. ex-dirigente da udp – um dos três partidos que fundaram o bloco, ferreira da silva aposta forte numa autarquia que dá sinais de querer voltar à esquerda. ainda de acordo com a sondagem eurosondagem/jn, o candidato do movimento ‘cidadãos por coimbra’ arranca 7,6% das intenções de voto e elege um vereador.

concorrem a coimbra outros dois candidatos. francisco guerreiro, do partido dos animais (pan) e rui lourenço da cruz, do pctp/mrpp, vão sujeitar-se ao exame dos eleitores na cidade dos estudantes, dia 29.

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ricardo.rego@sol.pt